Voo de Tejo sem
asas. Nem de velas.
Nem de partidas.
Ou de mil desmedidas
Chegadas...
É de névoa o
horizonte em que me despenho...
Ousamos o que
sabemos nos passos
Que não damos.
E ficamos...
Não mais Pirâmides
Corroídas.
Areias do deserto.
Vento suão de
mil enganos.
Não mais
Nilos...
Quem de Helena,
tróias?!
Quem tece o
rosto de Penélope
Em meus dedos?
Que romanos, que
glórias?
Que Cervantes? Que
mistérios?
Que Machados? Que
Castelas?
Que sedes de mil
anos?
Torrentes de
água pura
Nerudas. Índios.
Neves de montanhas.
Meu sangue
fervendo nas estepes...
Quem me arde
nesta dor?
Que sal? Que
mar? Que guindastes? Que pimentas?
Que Bandarras?
Que poetas?
Que Vieiras?
Camões de luto.
Jangadas. Capelas imperfeitas
E Pessoa no
proscénio...
Não mais heróis.
Não mais ilhas.
Nem míticas
profecias...
E no entanto
este Povo.
Este olhar
desamparado que me queima em cada gesto.
E este fado.
E este fardo...
Manuel Veiga
11 comentários:
Há poemas-bandeira.
Há poemas-hino.
Este é um grito!
O povo vai continuar a carregar andores sempre lançando moedas para alimento dos santos pesadíssimos mas há quem resista a tanto fardo.
Abraço poeta militante da vida
E ficamos...
E no entanto este Povo.
E este fado.
E este fardo...
Gostei muito.
Abraço.
Que poema. Que viagem e que Historia. Que voo rasgado.
Abraço meu irmão poeta
Muito, muito bom!! Grito rasgado na noite! Muito bom!
~
~ ~ ~ Fantástico, Manuel! ~ ~ ~
~ ~ Resistimos nas longas e duríssimas viagens de caravelas, seguramente com muitas miragens, mas sem ilhas míticas...
~ ~ Devemos ser geneticamente resilientes...
~ ~ Não sucumbamos ao fado, nem ao fardo!
~ ~ ~ Incentivemo-nos! ~ ~ ~
A poesia também clama a travessia
em chão de pedregulhos.
E ardem os pés dos poetas.
Belíssimo poema!
Um abraço.
Um belo poema, sim, carregado de fardo.
um poema cheio de fado no fardo que um povo carrega...
:)
Um voo lindo!
Um turbilhão de palavras que não se esgotam ao lê-las.
Névoas que cortamos com as mãos a cada manhã...
_e mais essa doce comunhão e sonoridade do fado e suas guitarras melancólicas.
Que faz chorar!
Parabéns.
com fado ou sem fado...que nunca se canse a voz do povo nem a sua vontade de voar ... adorei,
Abraço***
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