Vicejam os espinhos nas ruinas do tempo
E os rios medem
as margens no sobressalto das árvores...
Em seu pudor - ou
resguardo - a palavra lateja.
Mítica.
Clandestina
embora atiça o fervor que germina
Nos rostos
calcinados e na amargura dos homens.
E o alvoroço
ganha então asas nas veredas do sangue
E no percurso
inóspito dos passos...
As mulheres
revestem-se de sibilinos gestos
E soletram a
boca das crianças
Nas migalhas...
E erguem o olhar
pleno como antigas ânforas
Que repletas
extravasam. E minguadas se aprestam
A todas as sedes
e a todas as urgências.
E que de mão em
mão passam
Gloriosas...
Fecundos são os
dias assim (pre)sentidos
Que amadurecem
como crisálidas. E se soltam serenos
Na arribação das
aves. E nos ritos da memória...
E se advinham no
pulsar cálido da cidade
Ainda agora
cais. A erguer promessas. E a desenhar velas.
No horizonte
líquido do Tejo...
Manuel Veiga
9 comentários:
~
~~ Muito bem concebido, composto e escrito, Manuel. Excelente!
~~ As nossas palavras clandestinas e alvoroçadas germinarão?
~~~~~~~~~~ Em horizontes líquidos
~~ onde erguemos promessas e desenhamos velas,
~~~~~~~~ construímos a nossa esperança.
~~~~~ Beijo, amigo. ~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
.
"Fecundos são os dias",
Poeta!
tempos conturbados.
mas a esperança ainda existe no olhar
e no horizonte do Tejo.
muito belo!
bom final de semana.
beijo
:)
Que mais posso dizer, amigo heretico, senão que as imagens são lindas e transparentes e que a palavra é a tua padroeira.
Líquidos mais que o Tejo (que é o rio da minha aldeia...) são os teus poemas.
Beijo
Um poema maravilhoso a construir cenários, enquanto um rio te desagua no olhar...
Um beijo, meu amigo.
Porque a sede de uma espera só se estanca na corrente.
Um abraço meu irmão
Que o Tejo se encha de velas
tantas tantas
até que cresçam
nas ribeiras todas de Lisboa
as ruas orvalhadas
e a Avenida cheia
de liberdade
e no Parque floresçam
as loiras espigas:
matem a fome da Nação!
soprem todos o vento de feição!
Neo-realista... excepto no final onde a esperança resiste, ainda.
Como bem poetas!
Beijo
Neo-realista... excepto no final onde a esperança resiste, ainda.
Como bem poetas!
Beijo
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