Sob o escombro dos impérios a persistência
Dos dias adiados.
Gestos macerados em estridência de bronze
Nos golpes
desferidos.
Cortinas embora
que incautos tempos
Vão abrindo.
Escudos na intermitência dos golpes.
Por agora...
Os heróis -
dizem-me - estão gastos.
Respiram a
poeira das cavalgadas e míticas auroras.
E o acaso dos
dias...
Sei no entanto do
esplendor das coisas possíveis
E da decantação
das horas. E que o perfume das madrugadas
Se alimenta
desta espera.
E deste húmus.
E da fumegante
audácia que germina na grandeza
De promessas –
enfim! - traídas.
E nestes cardos
que os ventos soltam em redemoinho.
Como espinhos...
E sei ainda que
lâminas e cânticos se afinam.
E que o abraço
escorre nos humanos ombros.
E os pulsos se
rasgam. E o sangue lateja.
E que as agruras
são semente. E os caminhos se desbravam.
E sei que as
ruas são torpedos quando rios
E flâmulas se
incendeiam...
Manuel Veiga
7 comentários:
Sempre se desbravam palavras improváveis
madrugadas com a serra às costas
sem heróis
a menos que sejam de carne e osso
e alimentem de pedras
com vida por dentro
Abraço poeta
Já li noutro lugar...mas venho reler aqui, para expressar o prazer de te ler!
Beijo
os heróis calados (não existem)
esquecidos foram (aferrolhados)
um dia a água matará
a sede
e o fogo incendiará as marés
do nosso descontentamento
:)
os heróis calados (não existem)
esquecidos foram (aferrolhados)
um dia a água matará
a sede
e o fogo incendiará as marés
do nosso descontentamento
:)
Um sentir dorido através do olhar sobre o mundo,
o País, a rua, o quintal da nossa casa pátria...
Uma espera em que a possível dignidade humana
não se dissolva na impossibilidade...
Maravilhoso ler-te, Poeta!
É um mergulho na poesia essencialmente bela e
que transcende.
Beijo.
Um poema intenso e atento à vida.
No entanto:
"Sei no entanto do esplendor das coisas possíveis
E da decantação das horas. E que o perfume das madrugadas
Se alimenta desta espera".
Então não deixemos que o perfume se desvaneça, para que a madrugada seja sempre livre.
Um beijo, meu amigo.
Sempre levando-nos a desbravar nossos próprios sentimentos...
Beijo
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