Solta-se a
cratera e os afectos
Desenham
indeléveis traços. Breves esquissos
Moldando os
rostos. Resolutos...
Bêbados os olhos
das crianças
Que não sabem
ainda. O dia claro.
E os pais caudal
imenso. Rio que desatam.
Comportas
abertas em peito uníssono.
Gargantas que o
sonho embarga
No aluvião sem
margens. De seus passos.
O tempo é malho
e forja. E o balançar de barcos
Fundeados sobre
o Tejo. E os diversos ritmos. Cruzados.
E a viagem que
teima. Caravelas.
E fio dos
dias...
E os pulsos
abertos.
E pão que dói. E
a ferida azada. Procelas.
E o sal que
salga. E a mágoa...
E as vozes que
libertas não se calam.
E os homens que
resistem...
Manuel Veiga
13 comentários:
O que seria de nós sem esses homens e essas caravelas.
Um momento mágico,obrigada.
Beijinho
Fê
E assim vamos resistindo...
Que força, herético!
De tudo, me prende
"E as vozes que libertas não se calam.
E os homens que resistem..."
Perfeito!
Um afetuoso beijo,
Helena
Lindo poema!
A palavra perdura. É a mais segura embarcação a que recorro.
Obrigada pelas suas. Têm remos ou asas...
Lídia
A viagem que teima. Os homens que resistem. Sente-se, nas palavras, o punhal do tempo, o ritmo dos dias, a vida a pulsar na efemeridade da vida.
Que belo poema, meu Amigo Poeta!
Um beijo.
Quando te sentas à mesa das palavras sibilinas
o rio fica mais azul
ouve-se claro
a voz dos homens que resistem
Abraço fraterno
~~~
~~~~ Resistamos Poeta!
~ Ainda que o tempo impiedoso
~~continue a malhar e a forjar...
~~~ Beijo. ~~~~~~~~~~~~
~~~~~~~~~~~~~~
Este poema registra o teu olhar, de tão belo:
captura a vida, as pessoas, o movimento das palavras
regadas do teu sentir, pleno de uma humanidade comovente.
"Bêbados os olhos das crianças
Que não sabem ainda.O
dia claro."
O teu olhar Poeta, tem um tempo,
no qual os instantes correm o Rio-Poesia...
Adoro este teu olhar!
beijo.
Desculpa, amigo, a minha falta de tempo para apreciação mais densa. Cá deixo a sacramental frase: gosto disto!
Heróico herético poeta lança,
lança o fogo à forja e
a raiva e o sal derramado...
Não resisti ao vir aqui.
Abraço
E é no lento desfiar dos dias, onde o tempo é malho e forja, que se molda a tempera dos homens com garra!
Os guerreiros libertam a voz e resistem sempre!
Que siga a viagem, Mestre!...
Beijinhos! :)
Difícil é o tempo...mas é bom, poeta, saber que ainda há homens que resistem!
Beijo
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