A tua bênção,
Pai
Antes que as
margens se afastem infinitamente
E o rio seja o
turbilhão de lava
Frio de nada...
Calo a lágrima
E beijo a terra
na ubérrima mão
Do que por ti
fomos
E nas lonjuras
que logramos...
Na flor tatuada
dos dias
E na vara do
tempo onde gravamos solstícios
E os nomes
E as sombras
Entrelaço a
folhagem do carvalho
Em tua fronte
Como templo...
E soletro o frio
E a amargura da
Hora
E calo o
peito...
E ergo-me
Medianeiro
Encruzilhada de
torrentes e dos invisíveis fios
E da seiva que
somos...
E evoco os
caminhos
E a voz do
sangue
E os passos que
são
E os passos que
se anunciam...
E solto tuas
bênçãos
Na carne da
minha carne
E no sorriso da
criança com teu nome
António.
Manuel Veiga
in POEMAS
CATIVOS II – a publicar em breve.
14 comentários:
Ser Abençoado e Abençoar é um legado que aqui ficou registado com muita emoção!
Os afectos que foram passando de geração em geração, numa transmissão de nome e de memórias futuras.
Que bom ter sido Abençoado por esse dom maravilhoso; Saber colocar na palavra escrita todo o sentimento que irá ficar para a posteridade.
Um beijo.
Janita
Este poema
falou-me ao ouvido...
Belíssimo!
Beijo
Roubo-te o poema e escrevo Pai e Mãe em lugar de Pai e Pai. Sei que me entendes.
Abraço meu irmão poeta
Na verdade
a tua poesia fala por gestos
Abraço poeta amigo
Ler algo belo é sentir emoção a cada verso.
Foi o que senti agora.
Já não posso pedir a bênção ao meu pai... mas sei que ele está sempre presente em cada memória.
Obrigada!
Um beijinho
(^^)
Quando o amor e a cumplicidade escusam palavras.
Abraço
Lindo seu poema! Amei esse canto de amor!
Maria luísa
"os7degraus"
~~~
~ Emocionante
e magnificamente eloquente,
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
ó filho e pai de António...
~~ Beijo, exímio Poeta. ~~
~ ~ ~
O elo do amor na sua (in)visibilidade,
ligando as notas musicais em preciosidades vivas...
Belíssimo, tocante , terno na tua excelência
poética de sempre!
beijo.
Manuel,
Há poemas que nos calam a voz e dispensam comentários... estes são os que mais nos tocam...
O que dizer destes teus versos? Diria muito, mas eu prefiro este silêncio que toca a alma...
Beijo, poeta.
Genny
Já te li noutro lugar...e aqui te releio com prazer na beleza das palavras e dos afectos.
Beijo
Um poema de uma sensibilidade tão tocante, meu amigo. Os lugares, os nomes, as palavras do afecto estão todas aqui onde lemos, relemos e nos emocionamos.
Um beijo.
É o amor mais quente
É a dor que mais se sente
São os olhos que choram e
Sorriem o futuro da gente
Obrigado. Uma benção.
Olá, meu caro Herético.
Belíssimo momento.
Extraordinário poema.
"E calo o peito"
"E ergo-me"
"E solto tuas bênçãos"
abç amg
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