De novo a
montanha e o gesto amável de colhe-la.
Gregoriano o
canto. E a ave o abismo. E meus olhos
A flutuação da
brisa. Cegos na imensidão da cor
Em que se
despenham...
Estendo os
braços. E o sol desbotado é eco
Que devolve o
prodígio. E os inaudíveis sons
São o bailado da
memória. Fio de água a desenhar
A paisagem cá
por dentro.
E o tempo
destilado
Gota a gota.
Ruínas e calcário que se negam.
E se condensam.
Fogo que circula
No interior da
pedra...
E a poeira
líquida – fios de prata por onde escapa
A flor sem nome.
Tão frágil
Que hesita
E se verga
Como se a hora
Fora plena.
E a gloriosa
tarde fosse eterna...
Manuel Veiga
"Do Esplendor das Coisas Possíveis" - Poetica Edições - Lisboa
10 comentários:
~~~
~~~~~~ Lavar a alma com o esplendor e poesia
da magnificente e deslumbrante paisagem da montanha,
~~~ numa tarde magnífica que se desejava perene.
~~~~~~~~ Muito belo. Beijo amigo, Poeta.
~ ~ ~
Lá estarei para um abraço fraterno
A melhor forma de lavar a alma, com Poesia e
a montanha com canto gregoriano!...rss
Ah!, a tua bela poética é uma riqueza imagética
a nos deixar sem ar, como subir uma montanha
bem alta, com todas as belezas da caminhada e
atingir o seu cume, com a certeza de horas
preciosas desta caminhada (leitura) a ficarem
na alma lavada e renovada de Poesia!...
Que bela imagem...
Adorei!!
A contemplação única e eterna de um poeta.
Mais um momento muito belo.Obrigada!
Um beijinho
Fê
Quando as paisagens se desenham assim, dentro de ti, o resultado é este: um excelente poema.
Bravo, gostei imenso.
Bom fim de semana, caro amigo Veiga.
Abraço.
Um momento que vale muito ser vivido. Um bj querido amigo
Que magnífico descortinar tais belezas através desse "grito" da tua "solidão". E nesse gritar silencioso não se vê abismo. Só beleza...
Um abraço,
(Pre)anúncio de Primavera, me aromatizou a alma, este teu poema. 'A Paisagem cá por dentro'...
Miguel Torga não te faria sombra neste cantar a montanha. Tão intenso. Lindo !
Beijo
detalhes e cores que o Poeta desenha com as suas palavras...
boa semana.
beijinhos
:)
Há, na tua escrita, uma vontade imensa de abraçar, de sentir as coisas...
Parabéns!
Abraço
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