Que a palavra
seja insígnia ou marmoto
E sobressalto...
Que a cidade
seja solar e ígnea
E os muros se
derramem no grito das gaivotas
E o Tejo uma
falua engalanada...
E o corpo das
mulheres seja o maduro trigo
De todas as
fomes...
E as mãos sejam
o destino dos homens
No suor do
barro...
E o coração
expluda...
E todos os
caminhos se soltem...
E que a memória
dos dias claros se desfolhe
Em cada gesto...
E a ansiedade
dos tempos seja esporão
De claridade...
E a Palavra seja
flama e sarça.
E que se inscreva
liberta no rosto dos escravos...
Manuel Veiga
11 comentários:
Um poema que nos toca no sentido da liberdade
inscrita numa igualdade e idealizada numa
claridade pousada na cidade e na humanidade,
com "O coração expluda...
E todos os caminhos se soltem..."
Peço permissão para ampliar este belo
título para: "Que o mundo seja solar
e ígneo.", caro amigo manuel.
Encantada com o efeito luminoso do
poema nesta realidade tão sufocante
do meu Brasil (desculpa o desabafo...).
Parabéns pelo poema!
Bj.
e (além dos demais)
que cresçam plantas nos desertos...
e as palavras sejam de afetos.
um belo poema de desejos difíceis,
mas possíveis.
na óptica do poeta o mundo seria melhor (e tanto há onde intervir)
um abraço
"Que a Cidade seja solar e ígnea"!.
E more nela a Palavra prenhe de Liberdade.
Assim deseja o Poeta.
Abraço.
Nas palavras de um poeta tudo é possível.
Caro amigo Manuel, este e um dos poemas que
posso dizer que gosto. Um belo poema. Parabéns.
Um grande abraço.
Pedro.
Meu amigo Manuel,
Deixei um comentário no vídeo acima, belíssimo, Natal em Viena! Esse é o espírito Natalino que gosto, embora eu ache sempre um pouco triste, e por ser triste, porque não dizer belo?
Mas certas coisas não se explicam, ficam no campo do 'sentir', como esse seu belo poema! Ler e deixar fluir. Sou meio dramática!
"E a Palavra seja flama e sarça.
E que se inscreva liberta no rosto dos escravos..."
Beijos.
... e o teu poema é uma falua engalanada onde apetece viajar.
Grata, também, pela emoção de Andrei Tarkovsky - The Sacrifice - J.S. Bach - Matthew Passion
Beijo.
Eis-me de volta, meu caro amigo.
Estive mesmo ausente um pouco de mim.
E gratificado. Me faltam palavras e não recolho algumas do seu poema porque já estão carregadas de sentido.
Um forte abraço,
Ah, e o dueto com a música de Schubert. Um deleite para os ouvidos.
E porque a Palavra me é sedução e vício, dir-te-ei que este poema me deixou "engalanada".
Bjo :)
Nota - É raro fazer alusão às imagens e vídeos, embora as/os veja e ouça com atenção. Faço-to saber nesta partilha, assim ficarei desculpada por não referir estes aspetos nos comentários.
É espantoso o seu poder da palavra!
Gosto sempre!
beijinho
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