Rasga o poeta as
vestes e clama seus passos
Ousando, de
queda em queda, o fogo do milagre
E os caminhos de
Damasco
E a Iluminação
perene
Que o redima.
Não a prece, nem
a tempestade. Nem o anjo.
Nem a espada -
são de pedra seus passos
E inóspitos seus
caminhos.
E é de areia o
rosto das miragens.
E é de fel o
colapso de seus dias
E de amargura a
água dos rochedos.
Mas ousa o poeta
o milagre inscrito
Nas humanissimas
dores da Humanidade
E nelas lava seu
corpo místico
Como se rio fossem...
Manuel Veiga
11 comentários:
Assim se libertando.
Fantástico Verdi!! Que força!
Já tinha separado para postar no meu blog, mais à frente...
Obrigadíssima pela partilha!
Beijos, meu amigo. Bom domingo.
Desculpe, pensei que a janela do poema fosse separada.
Registro também na retina a força desse seu belo poema...
E é de areia o rosto das miragens.
E é de fel o colapso de seus dias
E de amargura a água dos rochedos.
É dureza, amigo.
Beijos. Um bom domingo.
Amigo, Manuel Veiga:
Este é um poema épico.
Traça-nos um percurso do povo hebraico e do seu profeta.
A humanidade, na dor e mágoa de dois mil anos, é testemunha e vítima.
Pode o poeta ousar lavar este martírio, pois esse sim um milagre.
O Mundo já antes exixtia e certamente com dores iguais ou piores.
E o que retenho?
"...são de pedra seus passos
E inóspitos seus caminhos.
E é de areia o rosto das miragens.
E é de fel o colapso de seus dias
E de amargura a água dos rochedos..."
Quantos mais séculos precisaremos de esperar para que este Mundo, que a todos pertence e é de todos por igual, dê sentido ao título: "Nem o Anjo, Nem a Espada"?
Precisamos de Paz e Harmonia e assim...seremos Humanos.
Belo e filosófico poema, onde rasga todas as vestes..
...na ópera de Verdi.
Um forte e caloroso abraço, meu amigo e que a Paz more sempre consigo.
Não me apetece abandonar o teu espaço.
És grande, poeta!
Beijinho.
Amigo Manuel,
Este teu belíssimo poema convida ao caminho
da vida, nascida na sua própria essência
de escola de aprendizado, a filosofia perene
que cada um é um rio com o tempo da impermanência
e transcendência; além das palavras, além do corpo,
e quem sabe, além do tempo!...
Sempre um privilégio a oportunidade da leitura aqui, Poeta!
Um beijo.
Numa palavra... magistral!...
É só o que me ocorre dizer sobre o conteúdo deste post... para apreciar e reapreciar...
Parabéns, Manuel! Beijinho
Ana
Ouso repetir-me. Não há o que dizer sobre este poema construído com um rigor e equilíbrio únicos. Numa unidade exata de pedra sobre pedra e por dentro das palavras e por dentro da história. Uma síntese só para os iniciados.
Forte braço, caríssimo poeta!
Poema forte, heróico e libertário.
Que baptismo falta para que as grilhetas se soltem?
Nada a agradecer se as palavras são o ar que nos sustém. Gostei muito, MV.
Uma linguagem tradutora do caminho incontornável do poeta!
Belíssimo!
Bj
O tom heróico a que o poeta se sujeita é de redenção libertadora das grilhetas-dores que o processo acarreta. E é na atitude inscrita a cada verso que o poeta se sublima na ara sacrificial da poesia.
Muito Bom!
Enviar um comentário