terça-feira, março 28, 2017

QUANDO OS RIOS SECAREM...


 Quando os rios secarem e as tempestades
Forem sopro e bálsamo sobre a gretada pele
E a mácula se erguer em flor de inocência
E os olhos magoados forem poema e bailado
E um sorriso enfeitar as linhas do rosto
Como cinzel de límpidas palavras.

E o silêncio se abrir e a música for
Som de cristal. Dedos em movimento subtil
Na vibração da noite. E todos os enganos forem
Festivo encontro…

Inventarei então todos os nomes e
Deporei a pura essência dos dias advindos
Em que enlaço e colho o deslumbramento
Como dádiva, transgressão e fonte
Em que ardendo me digo.

Manuel Veiga
in "Vibração dos Mostos "  - no Prelo




11 comentários:

Aleatoriamente disse...

Daí então será o calor poético da saudade.
Belo...

Teresa Almeida disse...

Cada percurso é desvio e ascese.
Cada poema melodia acesa.

Beijo, Manuel.

C Valente disse...

Ausencias e pensamentos, quando nos confundem
Saudações amigas

jrd disse...

Se isto não é metafórico é, certamente, um grande poema.
Um grande abraço Poeta

LuísM Castanheira disse...

Esta vibração dum tempo que há-de vir,
e no rosto do poema, um vinho novo a celebrar o envelhecimento doutro, no seu lugar.
E todos os nomes para inventar...
Desce o poema ao criador, para seu deslumbramento (em lume brando).
Parabéns pelo novo livro (ainda no prelo), caro amigo, Manuel
Um belo poema, mais um...
Grande abraço.

Agostinho disse...

Ontem estive aqui e comentei, fixando-me à volta "dos dedos em movimento subtil na vibração da noite".
A fermentação dos mostos solta ruídos que incomodarão as redes... terá sido por isso que se diluiu em água de malvas?
Não era esta a divagação de ontem. Hoje, a ementa é outra: sopa de legumes, carapau grelhado com salada e um copito de Côa. Estou mesmo a acabar, ponto final.
Abraço.

Manuel Veiga disse...

Agostinho, meu amigo

percebi tudo, "os ruidos dos mostos", a "agua de malvas", a "sopa", os "carapaus", a "divagação"... Tudo! Percebi tudo.

mas fixei-me no copito do tinto do Côa! acompanho-te- tchim, tchim ... Saúde.

forte abraço

Odete Ferreira disse...

Quando a secura começar a abrir brechas na terra que já não é mãe, o poeta verterá de si a água redentora.
Senti, na pele, esta vibração poética, sinal de que o poema se cumpriu.
Bj, Manuel

Odete Ferreira disse...

E parabéns pelo livro e pelo título escolhido!

Suzete Brainer disse...

Maravilhoso reler este teu belíssimo poema no registro
da excelência poética.

Percebo que o amigo irá publicar novo livro e desejo
sucesso e parabéns pela tua poesia de qualidade!

Bj.

Graça Alves disse...

Que tremenda inspiração e trabalho poético!
Parabéns
bj

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