Ao que vinha,
pois, aquele bando de reguilas
alfacinhas, capitaneado pelo corpolento “Bonanza”,
“cabo da cifra”, posto em que o Exército, por suas específicas aptidões, o
graduara e lhe concedera os segredos e
códigos das comunicações militares, que ele, “cabo da cifra” jurara preservar e
manter segredo e, de regresso à peluda, voltaria operário tipógrafo da Imprensa
Nacional, por cujas mãos e dedos hábeis e atentos olhos haveriam de passar, com
minúcia, a composição e fotolitos das Leis, Decretos, Portarias e Despachos e
outras minudências legislativas com que o Governo fascistóide e os restantes
órgãos legislativos seus apêndices, estatuais e para-estatuais, Assembleia
Nacional, Câmara Corporativa e Corporações, faziam publicar no “Diário do
Governo” e bolsavam à profusão sobre o “pacífico
e ordeiro” Povo Português, circunstância essa, que apenas ao “cabo da
cifra” diz respeito, de ser operário tipógrafo e outras razões suas que para
aqui não são chamadas, lhe permitiram adquirir aguda consciência de si e dos
outros e alargada visão da vida, em que a solidariedade, os laços e cumplicidades
entre os homens constituem, tantas vezes, alimento da vitória sobre as
adversidades, bem se sabendo que
aquilo que um homem produz, ou faz, forja, de forma imperecível, o seu
carácter.
Coerente, pois, consigo
e com as pulsões mais genuínas da sua personalidade, o nosso Cabo da Cifra, natural da Freguesia de
Alcântara, na zona Ribeirinha de Lisboa, tipógrafo desde os 16 anos, na
Imprensa Nacional, filho de tipógrafos e mais conhecido por Bonanza que pelo nome de registo, que o
seu baptismo foram as correrias frente à Polícia nas ruas do seu bairro, onde
granjeara a sua afamada alcunha e, ele mesmo, se sentia mais interpelado pela
alcunha do que pelo seu quase esquecido nome, pois então o famoso Bonanza, cuja popularidade no Bairro de Alcântara lhe
permitia conhecer “todo o Mundo”, dando-se conta que a sua vida estava a andar
para trás, que é como quem diz, a celeridade do regresso à peluda comprometida
pela teima do Capitão Mascarenhas de que “a sua Companhia” regressaria à
Metrópole, se não intacta, pelo menos
completa, tratou de ele próprio, à sua maneira, contribuir para resolução
do imbróglio, em que o “caganças” do Capitão criara e parecia não ter fim à
vista. E já que o métodos ortodoxos da hierarquia militar, a que o Capitão, na
sua teima, naturalmente se submetia, não atavam, nem desatavam, haveria, em
desespero de causa, que lançar mão de métodos menos ortodoxos e mais radicais, que,
certamente, seriam bem mais eficazes, do que a “via-sacra” do Capitão
Mascarenhas ou os salamaleques do Coronel “Cuequinhas
de renda”, disso estava ele, Bonanza,
completamente seguro.
E, se assim
pensou, melhor o fez. Antes porém de por à “prova de vida” a viabilidade de
seus métodos, que é como quem diz, testar a sua eficácia prática, mediante o convencimento da sua utilidade por parte do Alferes, Oficial Adjunto do Comandante da
Companhia por acaso de graduação militar e herói a contragosto desta narrativa
a enredar-se em si própria, o brioso “cabo da cifra”, discutiu o seu plano de
“salvação nacional”- passe o exagero, pois que a Pátria gemia então outras
agruras e outras bem mais instantes lutas clandestinas – com seu bando de reguilas alfacinhas, tão
ligados estavam eles, cabo Bonanza e seus
compinchas, que mais pareciam ser irmãos siameses, não de sangue, como é
evidente, mas tão umbilicalmente ligados, como se dedos unidos de mesma mão
fossem, vínculos de tal forma cimentados que, ao gregarismo primário da
sobrevivência perante os perigos da vida, em geral, e da guerra, em especial, acrescentavam
ao dito gregarismo instintivo um mínimo
de estruturação orgânica, que mantinha unido e sólido aquele bando de
reguilas, mediante a livre aceitação da expressão
específica de cada um no interior do grupo, elevadas assim as relações
intergrupais a um patamar superior de consciência
social, por muito que a post
modernidade abjure tal palavrão e
lhe negue fundamento científico, mas isso são contas de outro rosário que para
aqui não são chamadas, pois que o cabo Bonanza
e seu bando dispensam dissertações teóricas e justificações mal cozinhadas para
serem as pessoas que são e fazerem aquilo que consideram dever fazer e sempre
assim fora, desde a longínqua recruta, em desafio ao poder do Alferes, Comandante do Pelotão, que Alferes ainda não era,
mas tão-somente Aspirante Oficial
Miliciano, em palpos de arranha para conseguir dobrar-lhes a crista nos
dias narrados desta narrativa redonda, em que se inscreve também o “baptismo”
do soldado Assobio, que chegou ao Quartel
com três dias de atraso, como encomenda extraviada e não seria, pois, agora,
com um pé no barco e outro em terra rumo à peluda, que deixariam por mão
alheias resolver problemas que eram seus e de seus camaradas de armas.
E, assim, determinados
se apresentaram ao Alferes, fazendo-se eco de viva voz do mal-estar e revolta
generalizada dos militares, pelo lance mal jogado do Comandante da Companhia de
Cavalaria de, à viva força, pretender regressar com s “sua” Companhia completa,
sendo porém sabido, de ciência certa, que o Alferes Valentim, morto, se estava
a borrifar quanto ao seu destino, que é como quem diz porco morto, cevada ao rabo e, em caso algum, um homem morto, por
muito que seja o respeito que os mortos devem merecer, poderá sobrepor-se à
vida de uma centena, todos eles desejosos de regressarem, depois de mais de
dois anos, metidos neste buraco negro, que é a guerra.
E, colhendo
silenciosos aplausos dos seus compinchas, inflamando o discurso e o remoque e já que entre os oficiais desta Companhia
parece não haver ninguém capaz de “safar” o capitão Mascarenhas, atascado na
sua teimosia e excessiva vaidade, prejudicando, sabe-se lá por quanto tempo e
com que consequências, o regresso de
todos os militares da Companhia de Cavalaria,
estamos nós – enfatizou – em condições de garantir, uma vez todos os militares
da Companhia dentro do Uíge, que este não levantará ferro sem o corpo do Alferes
Valentim estar também a bordo. Apesar do desgaste dos últimos dias e do
pesar pela morte do amigo, o Alferes, não resistiu à gargalhada, face a tão
ousada proposta e tão estapafúrdia ideia e, assumindo a pose de “oficial de
cavalaria”, um tanto ou quanto abalada pela gargalhada e pela indisfarçável
simpatia pelo grupelho mas vocês, suas
abéculas, julgam que não tenho mais nada que fazer do que estar aqui a ouvir
esse chorrilho de disparates? Punham-se a andar daqui! E num rebate,
sabe-se lá ditado por que intuição ou pressentimento mas já agora poderão dizer-me como pensam levar a cabo tal façanha?
Agora, era a vez de o grupelho sorrir e o Bonanza,
solene, em surdina o Uíge com uma
avaria na casa das máquinas não levantará ferro! E o Alferes, fingindo
morder o isco ah, sim? E vais tu, minha
“amélia”, vais tu e o Assobio, os
dois de braço dado, à casa das máquinas do Uíge, roubam uns parafusos e está
feito! Devolves os parafusos apenas quando o corpo do Valentim estiver a bordo.
Ora, ora… se não têm nada mais sério a dizer, desandem!
Era o momento do
tudo ou nada, bem percebendo o perspicaz “Bonanza”
que a conversa passara a
interessar ao jovem oficial miliciano isso
é segredo nosso, não podemos dizer! E o Alferes, em fingida indignação, não podem dizer, mas querem que eu os leve a
serio? São parvos, ou quê? Desembuchem! Ponham cá fora o que têm para aí
maquinado! Insistiu o Alferes agora percebendo que alguma coisa se passaria
entre o grupo que importava conhecer, pois o grupelho desenfreado, entregue a
si próprio, por melhores que fossem as intenções, bem poderia estar a deitar
lenha em fogueira acesa e acabarem todos por ficar chamuscados. E, perante o
mutismo embaraçado, o Alferes fez peito e voz grossa então? Estou à espera! … Tratem de me contar tim-tim o que têm para me
dizer… E o “Bonanza”,
meditabundo, diremos se o meu Alferes der
a palavra de honra que mais ninguém saberá! E o Alferes, apertando o cerco Palavra honra? Eu dar a minha palavra de
honra? A vocês? Mas falamos de quê? Estamos na tropa ainda. Ou esqueceram-se disso?
É vosso dever informarem-me de tudo! E num fingido tom de mágoa, quase num
amuo, aliás eu julgava que era um dos
vossos e tivessem confiança em mim, desde quando foi necessária a palavra de
honra entre nós? Finalmente, as últimas palavras do Alferes, a puxarem para
o sentimento, quebraram a resistência do grupo e o Bonanza”, acabrunhado, Ok,
meu Alferes, vamos contar tudo…
E contaram. Em
síntese, a maquinação da camarilha de reguilas
alfacinhas em vista a manter o Uíge atracado no porto de Bissau, contava
com a própria tripulação do paquete, cuja marinhagem, nascida e criada no
Bairro de Alcântara, amigos do peito, portanto, do Bonanza e a sua trupe de reguilas
alfacinhas, que juntos trilharam os mesmos trilhos e beberam pela mesma
cartilha de “malandragem” se propunha
provocar uma “avaria” na casa das máquinas, paralisando o navio pelo tempo que
fosse necessário. A “coisa” estava de
tal forma bem urdida e sofisticada que o próprio “Oficial Imediato do Comando” do paquete daria cobertura à conjura.
Enquanto o Bonanza falava, o rosto do Alferes espelhava a mais genuína perplexidade, que
percorria diversos timbres, desde a incredulidade à plena adesão, pois se é
verdade que o bom senso o fazia céptico, por outro lado, sabia que a “a fortuna protege os audazes” e entrava
em euforia, não podendo contudo ignorar que a urdidura do bando de reguilas tanto poderia resultar em
beleza, como constituir um retundo desastre e, neste caso, era certo e sabido que
o feitiço se viraria contra o feiticeiro e, em primeiro lugar, contra o
grupelho e matéria não faltaria para os incriminar, desde logo, o uso não
autorizado das comunicações militares, usadas para o contacto com a tripulação
do Uíge, mas também o Alferes Adjunto do Comandante da Companhia que, tendo
tido da conjura conhecimento não lhe pusera cobro, dela não informara os seus
superiores e então apanharia por tabela, apanhado
na armadilha em que se deixara enredar.
Ora, última
coisa que o Alferes desejaria, para si e os seus amigos, a dois passos de
embarcarem rumo à peluda, era apanhar com a violência do RDM (Regulamento da
Disciplinar Militar) no costado. E, então, o Bonanza, prevendo o embaraço e os receios do oficial, acelerou a
pedalada, que é como diz a pressão ou
acredita em nós e a Companhia embarca conforme está previsto, ou então o meu
Alferes tem que ver-se com uma revolta generalizada, pois ninguém está disposto
a ficar, nem mais uma hora e não vão ser as falinhas mansas do meu Alferes, nem
as ameaças do nosso Capitão que nos irá convencer do contrário. E se não
acredita, veja por seus ´próprios olhos, acentuou, arrastando o Oficial à
janela com vista para a parada – em redor do edifício os militares da Companhia
de Cavalaria, em grupos de rostos fechados ansiosos acompanhavam ostensivamente
as diligências do Bonanza e seu
grupo, cujo insucesso determinaria um nível
superior de luta.
Compreendeu então
o Alferes que estava cercado e que “a
coisa” era mais séria que uma aventura
inconsequente e que os acontecimentos corriam mais depressa e mais longe do
que se apresentavam à primeira vista e, fosse qual fosse a sua decisão, sempre
seria uma má decisão, na perspectiva da hierarquia militar que, bem ou mal, lhe
competia representar. Porém, - o Alferes interrogava-se - não estivera ele,
Alferes Adjunto do Comandante de Companhia de Cavalaria, com pé do lado de lá da
fronteira prestes a desertar? E, se não fora a palavra sábia e a opinião
autorizada do “Senhor Gomes”, forjada
no terreno da rebelião política e nos longos anos de degredo “a Revolução aqui em África é deles e tu se
amas a Revolução terás tua oportunidade em Portugal”, muito possivelmente estaria
agora, por ter medido mal o passo, metido numa aventura desastrosa, além de inconsequente? Essa experiência
frustrada obrigava-o, assim a reflectir, com a necessária ponderação, sendo porém
que a mesma pergunta vinha sempre à superfície, recorrentemente, a impor-se,
cada vez mais, nessa luta de contrários, em que sua mente ardia, afinal que “autoridade” era a sua, ou que
exemplo de bom senso decorria da sua vida que lhe permitisse travar a marcha de
acontecimentos que outros consideram inscritos em sua dignidade de homens? Não
ele, Alferes, por acaso de graduação militar, adjunto do Comandante da
Companhia de Cavalaria que, além do mais, nutria pelo inconformado grupelho inegável
simpatia.
Estava portanto
o Alferes decidido a embarcar naquela
aventura e, tendo bem presente que, uma vez que não estivera na génese dos
acontecimentos para lhe imprimir seu desígnio, não podia, por isso, desistir de
procurar controlar os seus efeitos e, assim motivado, esclareceu o grupo estou quase convencido a ficar de vosso
lado, mas antes quero falar com o “Imediato” do paquete Uíge. E, então, o Bonanza, estendeu a mão ao Alferes, num
forte cumprimento paisano, antes da continência militar trate o meu Alferes de
convencer o nosso Capitão Mascarenhas, que eu trato do “Imediato”, dentro de
minutos terá o que pretende.
E assim foi de
facto. O oficial da Marinha Mercante em radio mensagem cifrada, confirmou o que
havia a confirmar e “abriu” a conjura a outros desenvolvimentos que extrapolavam
a iniciativa dos “reguilas alfacinhas” seguramente
que o Governador e o Comando Militar da Província não desejam que se saiba em
Lisboa de uma insurreição a bordo do Uíge, assim terminava a mensagem.
Entretanto, as diligências do Capitão Mascarenhas,
acolitado pelo coronel “cuequinhas de renda”, estavam a
produzir alguns resultados positivos, que longe satisfazerem integralmente a teima
de não deixar para trás, abandonado, um
oficial sob seu comando e, “pour
cause”, longe também de gratificarem a sua vaidade, permitiam, no entanto,
uma saída airosa, salvando-se a honra do convento, que é como quem diz a imagem
do Exército e o orgulho e cagança do capitão de Cavalaria. Efectivamente, as
dificuldades iniciais levantadas pelos Serviços Jurídicos do Estado-maior, sobre
o cabal esclarecimento das “circunstâncias” do acidente, que havia vitimado o
Valentim, foram ultrapassadas, sem dificuldades de maior, por acção do Oficial Adjunto,
um Alferes miliciano, licenciado em Direito, mobilizado sem apelo, nem agravo
para a Guiné como retaliação das autoridades escolares, pela destacada
participação nas lutas académicas, que fez o que seria expectável, face ao seu
percurso académico, ou seja, fez a
leitura adequada do “auto de notícia”,
propondo o respectivo arquivamento sem
mais diligências, fundado para tanto em “douto parecer”, que sabiamente
engendrou, repleto de citações doutrinárias e jurisprudenciais que, no seu hermetismo
calculado, o tornavam ininteligível para os broncos
oficiais do Estado-maior, mas que conferiam, ao seu autor, autoridade intelectual indiscutível.
Remanescia, no
entanto, um intransponível obstáculo ao embarque imediato a Companhia de
Cavalaria, se não inteira, pelo menos
completa, que, nem os nobres apelidos da família Mascarenhas, nem as
mesuras do Coronel, Comandante do Batalhão de Cavalaria, urbe et orbe, conhecido como “coronel
cuequinhas de renda” se mostravam capazes de ultrapassar, pois esbarravam
na força das coisas e na teimosia dos factos e, no caso, o factor determinante
era a impossibilidade do médico legista e os serviços funerários se
encarregarem do corpo fúnebre do Valentim, face avalanche de óbitos que a
guerra despejava naqueles serviços, com os gavetões frigoríferos a abarrotar e bem se sabe que, se na vida, os homens poderão
ser uns mais iguais que outros, na morte, porém, há uma igualdade de facto,
pelo que cada um terá que esperar a sua vez, assim o declaravam firmes o
médico-legista e os seus funcionários e
se alguém pretende que seja diferente, então que esse alguém venha ele próprio
tratar do “servicinho”. E quem, se atreve a brincar com a morte, mesmo
entre aqueles que por profissão ou dever de ofício, com ela lidam todos os
dias?
Estava, por isso,
o capitão Mascarenhas prestes a aceitar a proposta do Gabinete do
Comandante-geral, permitindo o embarque de regresso da Companhia, mediante
garantia de que o corpo do Valentim, transportado de avião para Lisboa chegaria a
tempo de, após o desembarque de regresso, a Companhia poder prestar-lhe as
respectivas homenagens fúnebres. Ele próprio, Capitão Mascarenhas, conforme
previsto no acordo de cavalheiros, permaneceria em Bissau, vigilante sobre o
acordado e assim garantir a satisfação do ponto de honra que Oficial de Cavalaria não deixa nenhum dos
seus homens para trás.
Assim o disse o
Capitão Mascarenhas ao seu oficial adjunto, por acaso de graduação militar o
Alferes miliciano, herói a contragosto desta narrativa, que, num sorriso, algo
mefistofélico (aprendiz), respondeu quem
sabe? Talvez o Valentim ainda se “despache” a tempo e possamos regressar todos
juntos. O que importa agora é tratar do embarque da Companhia. E perante o
olhar inquiridor do Capitão quem sabe se
uma avaria salvadora bordo do Uíge não
permitirá ao Valentim apanhar o barco.
E, assim as cousas
ditas e interditas se passaram. Embarcou a Companhia de Cavalaria, em seu tempo
próprio, no paquete Uíge de regresso à Lisboa. Ficara o capitão Mascarenhas, que
Oficial de Cavalaria não deixa nenhum de seus homens para trás. Com
ele o seu fiel “escudeiro”, o soldado “Assobio”
e o corpo do Valentim à espera de ser encerrado num caixão de chumbo. As marés
esperavam o levantamento das âncoras e o balançar solto do barco. O paquete porém
não se erguia. Assim o exigia o próprio Oficial da Marinha Mercante Portuguesa,
Comandante do elegante paquete Uíge, pois que se oficial de Cavalaria não deixa nenhum de seus homens para trás, também
marinheiro que se preza, não deixa nenhum
homem em terra, no seu desejo de embarcar!
Não constam
desta narrativa mal cerzida, as razões do Comandante do Uíge, nem das suas
eficazes diligências. Mas, passadas menos de 24 horas do embarque da Companhia
de Cavalaria, foi glorioso ver a elevarem-se no escaler, os restos mortais do
Valentim, coberto o caixão com a bandeira nacional, ladeado pelo Capitão
Mascarenhas e pelo soldado "Assobio" em posição de sentido e impecável continência militar e
os soldados e marinheiros perfilados na amurada do barco, em uníssono, enorme e emocionado Hurraaaaaaa!
Por esses dias,
uma notícia discreta, no jornal República:
“O Uige atolado “na lama” da Guiné, atrasa regresso de tropas”.
Novos tempos se
aproximavam…
Manuel Veiga
6 comentários:
Caro Manuel,
Mal cerzida deve ser a minha leitura, a narrativa é extremamente bem cuidada e com uma verve que não vejo a hora de pegar o conjunto e desdobrá-lo para apurar as vistas nos detalhes da linguagem.
Como se diz por aqui você dá nó em pingo d´água e com desenvoltura.
Um boa semana, caro amigo!
P.S.: hoje dei a primeira rastreada para saber por onde andava a encomenda. Está a caminho.
Bom dia, Mais um texto que merece uma leitura atenta. Gostei.
Hoje; Do Gil que se econtra ainda um pouco combalido, motivo, por qual sou eu a visitar. »» Amor:- Essa dor Oculta
Bjos
Votos de uma boa Terça-Feira.
Amigo Manuel,
Sinto-me privilegiada em acompanhar
com a leitura repleta da minha
admiração, esta viagem dos
Fragmentos tão rico da literatura
de alto nível, como também da
singularidade da tua criação de
Escritor que nos oferece o
inédito na pele do contador de
história, com a voz do Poeta que
se inscreve em prosa poética a
levar o texto para a pausa do
leitor, no seu encantamento com
a poesia presente neste eco
humano. ..
Meus votos de um livro de sucesso
garantido.
Beijo.
E nos meandros da hierarquia militar... se urdiam as primeiras formas de revolta... que antecipavam a chegada de novos tempos... mas que ainda assim, reclamaram muitas vidas...
Um excelente texto, Manuel, muito bem construído, e muitíssimo bem inteirado, de como funcionavam as estruturas e hierarquias militares, naquela época!
Belíssimo trabalho, Manuel! Impressionante, como importantes acontecimentos, da época, eram escondidos da opinião pública, quase por completo...
Beijinho
Ana
Boa tarde, Manuel
Andei por aqui, neste fim-de-semana, com o meu "android" que me deixou ficar mal na hora de comentar. Não sei onde carreguei que as minhas palavras se perderam nesse espaço virtual imenso.
Delicio-me com a sua escrita, viva, cheia de movimento, que me traz um sorriso aos lábios. Esses personagens, cada um com a sua alcunha, parecem-me bem reais num conflito em que as pessoas tinham de apelar ao sentido de camaradagem para não soçobrarem.
O regresso da Companhia "não intacta mas pelo menos completa", com todos os estratagemas empregues para que tal acontecesse, descobriu-me um mundo em que vai desenvolvendo informações dentro de informações de uma forma elegante e envolvente.
Abraço.
Olinda
(ainda não li...guardo o momento)
Enviar um comentário