Glória ao altivo
melro em sua sebe. Soberano príncipe
Catando a hora
em reflexos de luz. E o viço de meus olhos
Abrindo-se no
negro vertebrado das asas
Em timbre de
azul...
O sol é apenas
pretexto. E o voo a indolência.
Não a chama, nem
o sobressalto, nem o “piolho da existência”.
Apenas a
imprevisível ave rasgando o ar
E a tarde caindo
resiliente...
Nem passado nem
futuro. Imanente o sopro
E o aguilhão de
minha ausência. E a secreta passagem
Entre a fugaz
ave e a alma evanescente...
Talvez a sombra
de Torga seja a árvore.
E o magoado sorriso de Caeiro
E o magoado sorriso de Caeiro
A indeclinável sombra…
Manuel Veiga
11 comentários:
Haja sempre uma ave e um voo na voz do poeta!
Beijinhos, MV :)
O que se espera. O rompimento com a previsibilidade estar diante da efervescência milagrosa da poesia!
Valeu Manuel,
Um abraço,
Maravilhoso poema:))
Hoje:- Caminhos da ilusão...
Bjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira.
Talvez apenas o presente que, no entanto, poderá trazer remanescentes do passado e aguilhões para o futuro.
Felizmente, temos o pensamento que voará livre de amarras em direcção à luz, se o deixarmos.
Sempre a surpreender-nos com os seus belos poemas, caro Manuel Veiga.
Obrigada.
Abraço
Olinda
Já li...mas a beleza merece a reedição! Também me parece que, para lá da poética, bem te define.
Beijo
Sou cuidadora de melros e de outos animais alados!
Habitam no meu quintal como se fosse casa sua!
Abraço
A poesia dá-nos essa satisfação de viajar por mares impensados e invisíveis, que escondem as pérolas que incentivaram Georges Bizet para a sua criação de "Les pêrcheurs de perles".
Deste seu ótimo poema, amigo Manuel, destaco dois versos:
"E o aguilhão de minha ausência. E a secreta passagem
Entre a fugaz ave e a alma evanescente..."
Uma ótima continuação de semana, amigo Manuel.
Grande abraço.
Pedro
MANUEL,
Bela a abertura do poema cantando a beleza de um pássaro altivo, com tanto esplendor e colocando no desenrolar do poema toda a sensibilidade de poeta.
"Apenas a imprevisível ave rasgando o ar
E a tarde caindo resiliente..."
Beijo, amigo!
Uma ótima semana.
Como disse a amiga, vale ser reeditado!!
E o indeclinável momento captado na objetiva do poeta.
Gostei de encontrar Torga e Caeiro neste precioso cenário.
Beijo, caro amigo Manuel.
Que poema tão belo, Manuel!
Como comentário apenas a minha admiração por este elevado momento poético.
Um beijinho.
Ailime
A rebeldia e a rapidez do voo do merlo, aliada ao seu maravilhoso trinado, é um desafio à ausência da nossa pertinácia contra o encanto da sua rebeldia.
Decididamente só Torga o saberia descrever tão bem nas suas" gargalhadas em cascatas" no seu conto delicioso. de melro atrevido.
E como soubeste tão glosar esta deliciosas ave!
Beijinho, Manuel
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