Na implosão de
cravos fincam-se as raízes e a cor
Em bandeiras de
luta – que os dias são ávidos
E o Futuro
esgravata-se corpo a corpo
Nos trilhos e
agruras do Presente.
E, neste tempo
circular, mais pesado que chumbo,
Os muros são escombros
a afirmar
O fracasso e a anunciar
o estertor
De mitos
poluídos.
E, no entanto,
no arrepio dos dias uma memória
Perfumada. Uma pulsão e uma vertigem
Perfumada. Uma pulsão e uma vertigem
A explodirem nos
olhos
Que a Liberdade
não tem métrica que a aprisione
Nem claustro, nem
norma, nem mestres, nem barreiras
Que a detenham –
fogo puro!
E ergue-se nas
bocas, com seu nome de Igualdade,
Em apoteose de
flor sanguínea tatuada
No corpo
imaculado
Dos dias do
Porvir.
Cristal aceso. Em
noites de alvoroço
E no luzeiro das
auroras.
Manuel Veiga
7 comentários:
O 25 abril não foi da minha geração. Aliás, o que nos sobrou foi uma segurança social falida, uma economia falhada, um desemprego galopante. Eu sou filha da revolução, nascida na terra de ninguém. Tinha 5 anos. Cresci com Xutos e Pontapés. A carga pronta e metida nos contentores, adeus aos meus amores que me vou.E foram-se. Com heroína. Eu não, nunca quis drogas pesadas. Mas muitos morreram de overdose.
pra outro mundo
Boa tarde Manuel,
Um poema muito belo numa evocação ao 25 de Abril, que marcará a nossa História para sempre.
Viva Abril!
Um beijinho.
Ailime
Um poema maravilhoso :))
Hoje:-Quando o sol brilha em desalento.
Bjos
Votos de uma óptima noite
Olá, Manuel Veiga
Quem pensasse que já se tinha dito tudo sobre a Revolução de Abril e sobre a Liberdade terá aqui a prova, nesta forja de palavras de fogo puro, de que para nos mantermos livres necessário se torna derrubarem-se as barreiras que possam tolher-nos nestes dias ávidos do Presente. Dito com maestria.
Abraço
Olinda
E é bom pensar, meu amigo Manuel que " a Liberdade não tem métrica que a aprisione Nem claustro, nem norma, nem mestres, nem barreiras Que a detenham – fogo puro!"
Magnífico o teu poema!.
Viva a Liberdade! Um beijo.
É de quem viveu Abril e o sente pulsar . E os versos são passos contínuos e o futuro um cristal aceso.
E teu poema um luzeiro.
Abril sempre!
Beijo, amigo Manuel.
Maravilhoso... este florescer de Abril... nesta sua arrebatadora inspiração, Manuel!... Parabéns!
Beijinho!
Ana
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