quinta-feira, setembro 12, 2019

Brilham Distantes As Estrelas ...


Seduzem distantes as estrelas
Em seu brilho de gelo.

Néscios os homens queimam incensos
E mortificam os corpos
Para as louvarem.
                                                                          
Os poetas, esses, enviam sinais de fogo
Na linguagem primordial dos afectos
Que as estrelas não entendem
E de que – majestáticas! –
Devolvem o reflexo
Pálido…

Brilham distantes e frias – as estrelas!...

E aqueles, que ousam aproximar-se,
Queimam suas asas. E enjeitados
Fazem seus lutos.

E na mansidão dos justos
Reacendem a inanidade
Do brilho que cobiçam.

Para glória das estrelas
Eternamente distantes e frias.

Manuel Veiga
11/09/2019



8 comentários:

Larissa Santos disse...

Adorei :))

Hoje:-Para além do infinito

Bjos
Votos de uma óptima noite

Pedro Luso de Carvalho disse...

Caro Manuel venho para dizer ao amigo que na minha mais recente postagem deixei uma resposta no seu comentário, no qual transcrevo o convite para a apresentação do seu livro PERFIL DOS DIAS.
Quanto a este seu poema, "Brilham Distantes As Estrelas...", é de grande beleza, como se vê já nos primeiros versos:

"Seduzem distantes as estrelas
Em seu brilho de gelo."

Meu abraço amigo Manuel.
Pedro

Tais Luso de Carvalho disse...

Amigo Manuel, junto-me ao Pedro (em seu blog), mais que merecida homenagem deixado no "Veredas", um "mimo brasileiro" ao poeta Manuel Veiga, de conhecido talento.

"E aqueles, que ousam aproximar-se,
Queimam suas asas. E enjeitados
Fazem seus lutos."

Beijo, um ótimo fim de semana!

Olinda Melo disse...


Brilhante essa analogia, caro Poeta.
Estrelas distantes,
inacessíveis, que enviam o seu brilho de gelo e que,
no entanto, se recolhem na sua majestade.
E os poetas, esses, imolam-se no seu próprio fogo...no fogo das suas palavras.

Um poema de rara beleza.
Sempre a surpreender-nos, Manuel Veiga.

Abraço

Olinda

Ulisses de Carvalho disse...

Teu poema me fez lembrar de um outro poema:

"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!"

Mário Quintana


Um abraço!

Teresa Almeida disse...

Bem-vindo, ao teu blogue, este sonho lindo do Fausto!

Quanto ao poema é fogo que o poeta ateia e, mesmo que queime as asas, atrevo-me a dizer que o brilho não se apaga.

Beijo, meu amigo Manuel Veiga.

Boop disse...

Fausto: nunca o ouvi muito, e talvez por isso me deixo sempre encantar com a sua música. Esta é das que mais gosto!
Quanto ao brilho de gelo das distantes estrelas... que permaneça distante e passível de ser admirado, e que o sol próximo nos aqueça.

Graça Pires disse...

"A linguagem primordial dos afectos" pertence aos poetas que fazem lume no degrau das palavras, como tu meu querido Amigo…
Uma boa semana.
Um beijo.

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