Nas profundas correntes
subterrâneas
Onde se anunciam os
nomes
E se inscreve o perfil
das coisas
Antes de acontecerem…
Nesse magma de
possibilidades
Que os deuses capricham
E os mortais são acaso
Ou destino mudo…
Na eterna emanação de
afectos
Onde se desenham as
órbitas
E inesperados percursos
De alegria ou dor…
No rubor
do mistério
Que incendeia os corpos.
E permanece
Fervura de mostos ...
Na glória dos dias
peregrinos
Uma urgência a circular
no interior do sangue
E uma prece muda…
E uma correnteza outra – quase tímida!
A inundar a boca. Como
promessa.
Ou nascente. Ou chama...
Manuel Veiga
5 comentários:
"Uma urgência a circular no interior do sangue
E uma prece muda…
E uma correnteza outra – quase tímida!
A inundar a boca. Como promessa.
Ou nascente. Ou chama…"
Não pude deixar de destacar esta parte do poema, tão sugestiva e tão bela.
Uma boa semana, meu Amigo.
Um beijo.
Tua poesia é corrente de afetos, beleza que mana sem cessar ...
E mais não digo.
Beijo, meu amigo Manuel.
Caro Manuel,
Enquanto "brincas" com as palavras, vamos tirando o chapéu. Gosto deste modo de revelar certas pulsões; do modo como revelas tais pulsões em dois momentos distintos. Gosto da circularidade do poema, exposta ao revelar a segunda parte das pulsões em oposição à primeira, o que nos leva de volta ao início do poema para que apreendamos a organização discursiva do poema; gosto da justaposição dos sintagmas nominais, do rol de atributos. Uma bela construção de "tijolos lógicos".
Um abraço,
Meu amigo poeta de primeira linha, essa sua seara poética é muito vasta na exploração de afetos, de sentimentos, de relações humanas, e isso é sempre ótimo quando lemos, exploramos as relações, o mundo. E boas reflexões nascem! Saímos enriquecidos. Maravilhosa sua verve poética. Sigamos lendo!
Uma boa semana, Manuel! que o inverno que está apontando por aí, seja calminho.
um beijo.
Caro Manuel Veiga
Detenho-me nos versos "E inesperados percursos//de alegria ou dor", porquanto neles adivinho a fragilidade da nossa condição humana, no acto de aceitar um caminho e não outro, e ainda aquele que se apresenta quase se impondo e, contudo, tanto nos poderá trazer felicidade ou infelicidade.
Mas também, o que é a felicidade senão a soma de pequenos instantes? Momentos fortuitos nesse "magma de possibilidades" que nos fazem seguir a corrente tumultuosa dos afectos, transformando-se numa correnteza imparável. E tanto poderá ser, como diz o Poeta:
Promessa, nascente ou chama...
O destino ou a nossa vontade o dirá.
Os seus Poemas, meu amigo, trazem sempre uma marca inconfundível: a sua.
Abraço
Olinda
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