quinta-feira, março 24, 2016

CÂNTICO DA PÁSCOA


“Que querei daqui, vós portentosos sons
Que do Céu vindes procurar-me no pó?...
Soai antes onde há corações bons
A mensagem bem a oiço, porém, falta-me a fé
E milagre é da Fé o filho amado...”

“Àquelas esferas não ouso aspirar
Donde me vem a boa e doce nova;
Mas quando o som se renova
À vida novamente quero voltar...”

“Então descia em mim a benção
Do Céu, na paz do Sábado, serena
E a voz dos sinos, de presságios plena;
E era um prazer fogoso a oração...
Um indizível anseio me impelia
A floresta e campos correr
E, entre lágrimas ardentes, sentia
Que em mim um mundo começava a nascer...”

"O Canto veio lembra-me os jogos de infância
Da primavera a festa livre da alegria;
O ânimo infantil sustenta-me a lembrança
Que do derradeiro passo me desvia...”

“Ressoai, ressoai doces hinos do Céu!
Lágrima, corre!... Terra, aqui estou eu!..."

 Johann Wolfgang Goethe – in "Fausto"


6 comentários:

Jaime Portela disse...

Também me falta a fé...
Um abraço.

Mar Arável disse...

Belas verdades improváveis

Abraço amigo

Suzete Brainer disse...

Que bela partilha!
Adorei reler esta preciosidade...

Graça Sampaio disse...

Também sou mais Terra que Céu... enfim!

Páscoa docinha, menino herético.

GS disse...

Até à segunda estrofe, tudo bem, encaixa-se com o que estou habituada a ler em tua poesia.
Mas, a partir da 3ª estrofe, duvidei, e fui então ao final, em busca do nome do autor. Goethe! Entendi. É que não te identificava. E conheço-te mal (suponho)

Não que não sejas capaz de um percurso semelhante...

Que estejas bem, nesta época de paz (?), esperança, na comemoração da Páscoa.

Beijos
(eu sei que me ausento muito, mas não tenho lido em 'fragmentos')

Genny Xavier disse...

Ainda que nos falte a fé às crenças determinantes, creio que nos vale o símbolo que nos impele à fé por um mundo aberto aos dias possíveis e aos sonhos que teimosamente se renovam...sempre...

Beijo.
Genny

Sem Pena ou Magoa

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