Encobre-se o
poeta em seu nome
E assim
emboscado
Recolhe a graça
E se faz Mar
E barco...
E se unge
E se alcança
Marinheiro...
Torna-viagem de
si próprio arde.
E na amurada do
sonho funde as rotas
E todos os
mapas. E em todas as praias
Aporta.
Peregrino...
Em cada enseada
se derrama.
E em todas as
ilhas cativo.
E é mastro
altaneiro. E gávea.
E é o alvoroço
inaugural das ondas.
E o corpo em
flor de Nereide.
E o canto
enfeitiçado...
Tece em seu
diário a ortografia da viagem.
E o assombro. E
a vertigem.
E em registo
cifrado
Tabelião de
desacertos
Resguarda-se.
E desdizendo-se
se faz rota.
E do sangue
incendiado
Se faz Grito.
É companheiro de
brumas
E Argonauta de
todas as demandas.
E de todas as
âncoras
O prodigioso
dia!...
Manuel Veiga
in "Do esplendor dos dias possíveis" - no Prelo - Poética Edições
14 comentários:
Porque ao poeta tudo é permitido.
Porque ao poema se reconhecem voos.
Beijinhos, Herético :)
Olá Manuel,
Este Poema é belíssimo, rico com a originalidade
da sua poética.
A Escritora e sua amiga que apresentou o seu livro é
de uma excelência textual e expressiva ao revelar
a importância da sua Poesia num patamar legítimo
de reconhecimento de valor literário, diante do
Poeta transcender a dimensão direta das palavras
em seus significados, para viajar além, no
espaço novo da sua própria beleza e sentires
imagéticos.
Parabéns pelo livro e sucesso!!
A música escolhida é encantadora, o Tchaikosky é único.
Estou a ver-te da minha escarpa
sentado à mesa com Tchaikovsky
num belo concerto de sons
e palavras marinadas
Abraço fraterno caro Manuel
pois é, meu caro Eufrázio, espero que seja em breve, com o João David, à cabeceira da mesa, a dirigir a orquestra.
fraterno abraço
Viaja-se pelo poema e pela música....
Gostei muito...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
oh oh... afinal, meu caro MarArável, estás a ver-me "da" tua escarpa e não como tinha entendido "na" tua escarpa...
sendo assim a digo então que os sons de Tchaikovski levantam voo alto e encontram eco no voo das Valquíria
abraço, sempre.
Em cada poema, uma viagem. :)
Um poema soberbo que, evocando a figura de Torna Viagem, serve para anunciar o cheiro da tinta de mais uma obra do poeta.
Que se espalhe a nova com urgência pelos cais de toda a costa.
E na resplandecência 'dos dias possíveis', uma luz brilha intensamente a cada 'viagem'.
só posso aplaudir do lado de cá do Atlântico
viajemos pois herético
Há flores no chão que pisamos
Abraço
O poeta pode ser tudo.
Como as crianças, em que o limite é a imaginação.
EXCELENTE.
Uma PÁSCOA MUITO FELIZ, caro amigo Veiga.
Abraço.
Repito-me: dos melhores que li ultimamente.
Abraço fraterno.
As palavras tão bem ditas, de tão certas na tua hora própria à profundidade da alma, de tão coesas de verossimilhanças, chegam sinestésicas em mim... A mente repassa e repassa os versos que aguçam os sentidos além da leitura dos olhos…
Os sentidos da poesia vão até além do poeta, viajam mares e aportam terras distantes…ah, poesia! intrépida poesia que navega…chega repleta, plana, trazendo na “ortografia" da viagem as marcas da uma odisseia…
Bom ler teu poema ao som da profusão de emoções do mestre Tchaikovsky…
Beijo.
Genny
Vou viajando "no alvoroço inaurual das ondas" onde fabricas tempo e vida e flui inteiro o esplendor da sua poesia.
Um abraço,
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