quarta-feira, novembro 23, 2016

Pórtico e Palco.


Evoco a inamovível pedra
Onde me sento e deponho meus silêncios
Pórtico e palco de esperas longas
E festivas chegadas.

E apaziguo meus demónios
E limpo as escórias
E sacudo poeiras e as cinzas
E o estertor dos mitos.

E me celebro, pedra
Agora ara e vara do tempo.

E mergulho, matriciais águas
E desfile de rostos. Um a um nomeio. E digo
Em murmúrio de lábios.

E em meus passos me ergo. E lavro
As linhas de meu rosto. E fecundo o horizonte
De meus dias peregrinos.

Manuel Veiga




2 comentários:

LuísM Castanheira disse...

passagem...na existêncial peregrinação.belo.

Suzete Brainer disse...

Mais um excelente poema teu, inscrito de sentires
tão sofisticamente "plasmados" no teu pórtico
e palco poético.

Admirável a tua poética (sempre),
amigo poeta Manuel Veiga!!

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...