O bem estar dos trabalhadores é importante para nós: “Vamos instalar vending machines no hall para não terem desculpas para ir ao café”.
A segurança dos nossos trabalhadores é uma prioridade: “Se essa porta não estivesse fechada vocês passavam o dia todo na rua a fumar”.
A mobilidade é um imperativo da produtividade: “Devemos ir para onde a mão-de-obra seja mais barata”.
A deslocalização é um imperativo logístico: “Os albaneses trabalham mais barato que vocês e ficam mesmo ao pé de Itália”.
(...) .
Nesta empresa, o mais importante são as pessoas: “Custa-me imenso despedi-los a todos”.
Precisamos de libertar uma parte da nossa mão-de-obra: “Vamos despedir 200 tipos”.
Precisamos de reduzir os custos fixos: “Vamos despedir 200 tipos”.
Temos de apostar na flexibilidade: “Vamos despedir 200 tipos e contratar uns brasileiros a recibo verde”.
As promoções têm de ser fruto do mérito: “As mulheres que engravidem podem esquecer a promoção”.
Os imigrantes têm óptima formação e forte espírito de equipa: “Como os ucranianos não estão legalizados não podem apresentar queixa”.
Precisamos de apostar no outsourcing: “Não temos dinheiro para pagar aos nossos técnicos”.
Precisamos de vestir a camisola: “Este ano não vai haver aumentos”.
O esforço de reengenharia está apenas a dar os primeiros passos: “Ainda não. sabemos quantos empregados vamos despedir”.
Vamos iniciar um processo profundo de reestruturação: “É provável que sejam quase todos despedidos”.
(...)
Precisamos de sangue novo: “Como é que se chama aquela rapariga de mini-saia e óculos vermelhos que estava a sorrir para mim?” .
Temos uma forte consciência do papel social da nossa empresa: “Estamos a tentar obter uns subsídios”.
(...)
Precisamos de renovar a lógica de organização da empresa: “Vamos mudar o nome dos departamentos”.
Estamos a repensar a missão da empresa: “Pagámos uma fortuna a uns consultores para desenhar um novo logótipo”.
Devíamos fazer um brain storming: “Não faço ideia”
(...)
Temos de repensar o nosso core business: “Tecnicamente estamos na falência”.
Precisamos de aumentar o share of mind da nossa empresa: “Ninguém sabe que nós existimos”.
Fizemos um realinhamento estratégico: “Pagámos uma fortuna a uns consultores que nos provaram que os consultores anteriores a quem tínhamos pago uma fortuna se tinham enganado redondamente”.
José Victor Malheiros - in “Público” de 05.02.08
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Consta que o Ministro das Finanças determinou a imediata aplicação em todos os serviços públicos destes princípios, tendo em vista o aumento da produtividade dos trabalhadores da administração pública.
E que nas “lojas do cidadão”, estão ser distribuídas edições luxuosas, em papel de bíblia, deste código de boa gestão, tendo em vista o exponencial aumento do PIB nacional.
Reconheçam que é obra!...
quarta-feira, fevereiro 06, 2008
Revista de Imprensa - "Dicionário newspeak empresarial"...
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24 comentários:
Isto é pra rir, não é???
Não é a sério, pois não???
bom, o melhor será emigrar, para a Venezuela, não?
prontosssssssssssss
:))
:))) Estou a ver que o bom humor te chegou depois do Carnaval.
Algumas coisas fizeram-me lembrar factos que se têm passado onde trabalho...
E o nível dos nossos empresários e dirigentes é mais ou menos esse, sim. nem é preciso distribuir-lhes os manuais.
Também acho que não vale a pena gastar verba em manuais.
É o tem vindo a ser praticado, com mais umas adpatações e modernices (diga-se, ideias parvas).
É quase anedótico, realmente, se não estivesse a ser posto em prática.
Não me parece que estejas de bom humor...
.BEiJO.
"Vamos é arranjar um Gabinete de Imprensa, onde estes tipos dos blogs críticos sejam desfeitos em picado e servidos frios (ou fritos)"... sussurros nos perdidos passos, entre diversos quadrantes democráticos eleitos.
Uma espécie de Call-blog-center para as respostas "na hora"!
Giro, giro é ser prática corrente, mesmo sem manual. Qualquer patrão de garagem o faz.
Onde teriam lido o livrinho azul do Mao Soarung?
Lembro, humildemente, que os contratos a prazo foram incluídos/iniciados por este velhinho simpático. Depois disso, a selva imensa foi avançando, a caminho da europa liberal, corrompendo as conquistas sociais mais importantes. Sem vergonha!
Abçs
E que obra!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Dá vontade de rir, mas há imensos patrões a pensar assim...
Abraço
Ainda é pior, K'mrd.
Abraço.
É enternecedor o interesse que nos dedicam.
P.S. - Tentei por várias vezes comentar o post anterior, sem o conseguir.
Avassala-nos o ar uma tal pestilência que, mutatis mutandis, só a morna e sorna complacência do bom povo português suplanta...
Se eu te dissesse que aquilo que relatas - quanto à descridibilização das conclusões de uma consultoria pela seguinte - é uma realidade com que tropecei por cinco vezes em sete anos, saberias o quanto estou de acordo contigo.
Entretanto, no passa nada!
Abraço.
Herético
Reconheço que é obra.
Mas não me espanta.Conheço o filme.
Gosto de ler as tuas preocupações cultas, bem fundadas, profundas e que vêem muito além. Entendo as tuas convicções que devem andar muito próximas das minhas e, por isso, irritam-me as explicações daqueles que nos querem convencer do contrário.
Um abraço
O dicionário está correcto e actualíssimo!
E estes princípios já estão em grande parte a ser aplicados.
Os nossos gestores/dirigentes são o máximo: sempre na vanguarda da inovação:)
Vou ler o que está para trás, despertou-me interesse.
Um abraço.
Oi Herético,
Estes princípios que agora chegaram à Adm Pública, já estavam nas empresas privadas há muito tempo, principalmente, como óbvio, nos níveis mais baixos, do mexilhão.
Beijos de bom dia!
Stella
O dicionário completo, do neoliberalismo!
E nós, alegremente, deixamos?
Um abraço.
Gostei imenso da escolha que fizeste para colocar no blog.
Para onde vais, país que eu choro?
Se não estou errada, deves lembrar-te de Sérgio Borges : "Para onde vais, rio que eu canto?".
Abraço.
é. é obra.
de engenheiros à portuguesa....
salva-se o TGV...:) que é coisa de que estamos a precisar imenso...
deve ser por ser muito pobre que a Suécia o não tem...
será?
beijo.
prontoS.
O teu sentido de humor cáustico a completar o texto do "Público".
Sublime.
a passos largos rumo ao impensável.
tragi
tragi
tragi
tragi/comédia
.beijO
sempre em cima do acontecimento!
és o máximo, herético.
um bjnh de fim de semana
É o abuso do poder...
Um abraço
Achincalhaste um dos quatro cavaleiros do apocalipse neo-liberal. Sei que é comunista, mas nessas horas você não acha o Schumpeter natural?
Abraços!
Saudades. De saber por ti e de ti.
Abraços
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