Magnânimo o freixo e sua sombra
E os braços erguidos, em oração muda.
Magnânima a margem das ribeiras
E as cascatas no silêncio das montanhas.
Magnânimas as pontes que não deslassam
E as pedras que ficam pelos caminhos.
Magnânimo o toque das igrejas e os altares
No olhar compassivo dos incréus.
Magnânimo o voo das aves e a vertigem
E todos os prenúncios extraídos das entranhas
Magnânima a Lua e as noites de Agosto
E a bebedeira dos sentidos assim expostos
Magnânimo o ar que respiramos e o pão
Dos pobres. E a sede de todos os proscritos.
Magnânimas as almas piedosas e o gesto pio
Na forca dos condenados.
Magnânimo o dia de ontem e a gravidez do tempo
No coração dos homens.
Magnânimo o final da tarde e piar do mocho
E rouco cântico do poeta em sua humanidade.
Manuel Veiga
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