Vôo de Tejo sem asas. Nem de velas.
Nem de partidas. Ou de mil desmedidas
Chegadas...
É de névoa o horizonte em que me despenho...
Ousamos o que sabemos nos passos
Que não damos. E ficamos...
Não mais Pirâmedes
Corroídas. Areias do deserto.
Vento suão de mil enganos.
Não mais Nilos...
Quem de Helena, tróias?!
Quem tece o rosto de Penélope
Em meus dedos?
Que romanos, que glórias?
Que Cervantes? que mistérios?
Que Machados? que Castelas?
Que sêdes de mil anos?
Torrentes de água pura
Nerudas. Índios. Neves de montanhas.
Meu sangue fervendo no gelo das estepes...
Quem me arde nesta dor?
Que sal? Que mar? Que guindastes? Que pimentas?
Que Bandarras? Que poetas?
Que Vieiras?
Camões de luto. Jangadas. Capelas imperfeitas
e Pessoa no proscénio...
não mais heróis
não mais ilhas
nem míticas profecias...
E no entanto este Povo
Este olhar desamparado que queima em cada gesto
E este fado. E este fardo...
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34 comentários:
tens um pequeno miminho lá no meu tempo....
e mais uma vez me perco nas águas do tejo que voa, sem asas, nas tuas palavras...
Belíssimo vôo...
(e no entanto este Povo!)
(ousamos o que sabemos nos passos que não damos)
E a Revolução é agora....
Um beijo
e outro beijo
Gostei muitíssimo.
"Ousamos o que sabemos nos passos
Que não damos. E ficamos..."
Vamos? Somos?
Bjs
Belíssimos versos e não estou a bajular, é o tipo de versos de que gosto. Já não estou em idade de rodriguinhos.
Aquele forte abraço!
P.S. - Penso que gostarias de ler a resposta que dei ao teu comentário. Se puderes passa por lá, aquilo está aberto ao diálogo. Mas não me batas.
Soberbo! Explêndido...
Beijinho*
Sem asas? Não, este poema tem asas e voa alto. E no entanto este Povo...
Quando for grande, quero fazer poemas como este. :) Entretanto, é a minha vez de também te deixar um "miminho". Está lá do outro lado, no Vemos, ouvimos e lemos. **
um abraço .......voando...
por aqui!
Oh Herético...começo a repetir-me... mas o menino posto a escrever... Parabéns. Gostei muito. Mais uma vez!
Camões de luto
a arder nas jangadas
e nós aqui
a soprar velas
como se fossemos pássaros
em tempo de caça
Grande abraço poeta amigo
"É de névoa o horizonte em que me despenho..."
....
sem asas...
" Este olhar desamparado...E
este fado.E este fardo..."
-Que destino, dantes leve, e agora tão pesado?!
Excelente e tocante...
abraços poéticos
Data venia, nobre amigo, intimo-o a reunir as suas poesias em algo conhecido como livro. Grandes escritos!
Um abraço!
Belíssimo!
"...olhar desamparado que queima em cada gesto..."
sente-se. fica em nós com o sentido total das vidas que vivemos e conhecemos.
Por favor passa no Eremitério. No post de hoje, 14 de Out. há algo para ti.
Fraterno abraço.
Parabéns pelo poema!!!
Gostei muito!
Beijos de luz e o meu carinho, poeta...
aqui, em poesia, não se brinca.
e parece que em outros campos também não...
fardo fado sobrepostos.
belo.
beijo
~
Este fado... e este fardo!
E assim nos vamos enfardando...
cantando rindo...
que parece que é a única coisa que este povo sabe fazer.
Parar para reflectir?
Faz doer a cabeça!...
Um abraço
De tanto chorar asas que tivemos só nos pensamos penas, penas..
Este choro pequenino já me cansa.
A tua poesia não.
É isso caro "Herético"... parece triste fado este "nosso" fardo...
Alvarez
Ete poema...
... este poema é uma epopeia!...
... triste e heróico...
ao mesmo tempo.
.
[Beijo...@]
Ah Poeta! Enorme!
A tua poesia é estar aqui,no que somos, mas de pé!
Este teu poema roça a perfeição (que não existe...).
Gostava de ter sido eu a escrevê-lo, mas a tanto não chega a minha arte e engenho...
Abraço.
Esta poesia tem asas, tem velas, tem ventos, tem passados, tem presentes, tem sentires...
Excelente, amigo!
Poeta! Dos bons!
Fizeste-me lembrar um poeta, cujo cansaço não me deixa recordar.
Beijo
Herético
Digo, e digo com sinceridade e não para fazer bonitos, que escreves poemas maravilhosos, duma profundidade e erudição imensas.
É preciso muita sensibilidade e grandes olhos para olhar em volta e conseguir dizer tanto e tão bem.
Abraço
"Quem me arde nesta dor?"
Talvez esse "rouxinol sem asas" que habita a minha noite todos os dias...
Belíssimo (como sempre...)
Beijo
Na Linha de Cabotagem há algo para si.
"É de névoa o horizonte em que me despenho"...meu sangue fervendo no gelo das estepes...
É fado é fardo.
Este olhar desamparado que queima em cada gesto"...
Podia citar o poema todo porque o achei fantástico. Obrigada.
Um abraço.
de fado se faz a história deste povo...como que uma desconstrução da nossa história neste teu poema...forte...obriga-nos a partir em busca de asas...
beijos
Pois, é sina do povo.
quanto a ti cala o bico e carrega lá esse fardo como toda a gente..
andor! p'ra frentiii
bisou
aa (a
lu a a lu xxxxxxxxxx()xxxxxxxxxx
o poema está muito bom. e bem à maneira portuguesa, tambem fala no nosso fado...ou fardo...
gostei muito!
às vezes é muito pesado este fardo.
Abraços
Acho os teus poemas cada vez melhores,
adorei o último verso!
Stella
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