Desce o nevoeiro na paisagem
E o rio é manto de olhos encobertos...
(Dolente a música do cello
E meus passos...)
Tombam imaginárias folhas
Sobre o chão alcatifado e as janelas
São órbitas entreabertas. No entanto baças.
Ou destino vago das horas...
E as árvores agora nuas são súplicas isoladas
São ausências e linhas precárias
Perfis esvoaçantes apenas. A teimarem
Lá fora...
Nem gritos, nem memórias.
Espera pura de aves e das folhas
No íntimo dos caules. E dos dias...
E minha inquieta presença catando o poema
E “o piolho da existência”. Sem moldura...
sábado, janeiro 24, 2009
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33 comentários:
Um aescrita calma. Sempre muito boa!
:))
Concordo. Beijos.
Tranquilo. É como te vejo...
Beijos e beijos
Com o cello agarraste-me logo e fui de crescendo em crescendo até ao brilhante final.
Não sei porquê, este teu poema, trouxe-me, de súbito, o cheiro das braseiras de antigamente, do açúcar queimado no pires para afastar desânimos, do fumo das chaminés do norte, dos meus dedos a desenhar estrelas no embaciado dos vidros da janela, da certeza de que o ciclo se cumpriria... sempre...
Obrigada por me teres lavado a saudade...
Um beijo
Uma lúcida serenidade mesclada com um pouco de melancolia. O cello em fundo... Mas essa certeza de que virão as aves e as folhas brotarão. Muito belo e bom de ler nestes dias em que a natureza se faz "manto de olhos encobertos". Bom domingo. **
Não fora "o piolho da existência"
e a tranquila espera da árvore, sairia do "cello" para o outro lado da parede...
onde se desenha.
Beijo e se for possivel, bom domingo.
Poesia é isto, mesmo
Polissemia :)
Em mim, apesar da sugestão da dolência da música e dos teus passos, ficou a tua "inquieta presença, catando o poema"... e a irritação da espera qual "piolho da existência".
"Sem moldura"... a nu... a cru...
[Beijo...@]
Morde. O Inverno sem céu ou sem "cello" de aves.
Bj
Como te li com prazer! Tens um dom que só é atribuído a alguns. O da poesia. Ah, tens outro! O da palavra.
Bem hajas, amigo!
Beijo
A espera no interior dos caules. E o cello em fundo. E uma pequena agonia... E um belo, belo poema de inverno.
Um beijo.
bravo, poeta!profunda e rara...
" nem gritos nem memórias.
Espera pura de aves e das folhas
No íntimo dos caules.E dos dias..."
belíssima sonata...só lhe falta a música que já está nela.
abraços
Véu de maya
Porque o cinzento pode ser belo. Há poemas assim...
Abraço
Aparente tranquilidade, a deste poema. Mas aí está a inquietação e a dolência do cello... Ouvem-se as notas ecoando no nevoeiro. Beijos
Herético,
belíssimo! a imagem do tanger do cello a acompanhar as suas palavras...
boa semana
um sorriso :)
mariam
e, maior sincronia seria impossível!
um grande abraço.
____________________________
De pé, aplaudo o seu poema!
Rica e coerente a sua escrita...
Beijos de luz e uma semana feliz!!!
___________________________________
Do poema , gostei.
Do Inverno, abomino o frio, a chuva , o nevoeiro!!
Boa semana.
e assim se faz a ausência.
cantante. melancólica.
nas tuas palavras que decantam.
beijo.
pequenino como tudo é,
a respiração das palavras
u ma a u ma,
( belas como peixinhos
beijo
~
dá para dançar?
assim mesmo
debaixo da chuva :)
Beijo
Perdoa o desaforo.
E o freeport aqui tão perto
abraço amigo sempre
Passa por lá e se aceitares o desafio dá-lhe continuidade.
Fui à Wikipedia e afinal parece que sonata não tem nada a ver com soneca. Eu sou buuurrra. O senhor Herético desculpe.
Fermosa sonata invernal!!!.
Unha aperta grande amigo.
:)
Gosto do poema no geral. E do íntimo dos caules no particular.
Bravo!
Bonito poema! Li. Voltei a ler... Gostei.
Beijo
"nem gritos, nem memórias"
tu sabes como essa palavra memórias me toca sempre tão fundo.
não é o poema que nem sou adepta de poesia que a minha capacidade não atinge tanto, mas é a junção que fazes das palavras, é um toque qualquer que lá pões e que me faz gostar sempre de voltar aqui, mesmo que seja poesia, ou então... é a memória...
beijinho Heretico
Peço-te desculpa, mas o teu poema merece ser emoldurado.
Pela excelência das tuas palavras, que o Inverno, de tão frio e chuvoso, nem merece.
As árvores, sim, pois são uma lição de resistência para nós.
Abraço.
ua única palavra.
Soberbo.
beij
um verdadeiro poeta!
Bjs, bom fim-de-semana,
Stella
E depois de uns dias de ausência [por falta de tempo]
que bem me soube ouvir esta sonata!
acorde maior da tua escrita.
BJS
Por vezes digo-lhe que isto é coisa a merecer publicação. Mas ele que não, que não, tudo fugaz, como castelos de areia em quebra-mar... A ver se não me dão razão.
;-)
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