Talvez este horizonte o breve fio de água
Despenhando-se na memória. Como esta fraga.
Ave planando sobre a presa e o repentino som
Da pedra. Granito ardendo no íntimo silêncio.
Como pomos de fogo calcinados de azul...
Debruço-me. Talvez a água agora seja apenas
As mãos no gesto de bebê-la. E a ave esta rapina.
Nem voo, nem pássaro voraz. Ausência ainda.
Pura. Gavião e pomba desenhados no corpo
Do desejo. E meus olhos bêbedos de lonjura.
O vento que agora afasta a cinza é o mesmo
Embora. E a litania é eco no coro deslizante
De meus passos. Não a vereda palmilhada.
Nem as vestes. Ou o sangue seco nos espinhos.
Apenas rumor de fogo na palavra celebrada.
Descalço e de bordão como antigos monges
Colho a folha do carvalho. E enfeito os dias.
Porta a porta caminheiro. E no portal de mim
Me acolho exausto. E mordo e rasgo. E clamo
Casa em que me guardo. Terra quanta vejo ...
sábado, fevereiro 14, 2009
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29 comentários:
Herético,
ai caminheiro, grande grito, este!
fique bem.
bom fim de semana
um sorriso :) e um...até já'
mariam
a caminho da purificação...
E por um "fio de água" me tens presa aqui. A ti. À tua escrita.
Enorme!!!!!!!!!!
Beijos e mais beijos
Este é um bom espaço onde me parece haver um pouco de tudo. Virei mais vezes.
Que a folha de carvalho com que enfeitas os dias te cubra de sabedoria antiga...
Bom domingo.
Que dizer, caminheiro de lonjuras e de fragas, do teu voo alto? Não sei. Recolho-me, guardo-me e escuto o eco do que nos trazes.
Um beijo.
Mas é disto que gosto. que quero. que se quer. esta celebração poética de palavras em fio de água e de alma. suprema natura. isto sim, reconforta dos males do corpo e do país.
beijo
poemas calcinados de azul!
que lindo!
beij
Por caminhos de largos horizontes se faz a tua caminhada poética. Nas tuas palavras encontramos o fio de água que nos mata a sede. **
caminhada de vida. entre o portal de ti e os horizontes sem fim da terra que clamas. palavras que nos prendem.
beijos
:))
do classicismo.
que se instala no belo.
.piano.
Caminhante me entrego às tuas palavras de água...caminhante sou.
E os carvalhos seculares falarão de tempo e de terra..
Gosto imenso de te ler.
Abraço, boa semana
lindo.........
(e adoro carvalhos...)
bjnh Herético...
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Belíssimo canto!
Gostei muito do seu poema...
Beijos de luz e o meu carinho!!!
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...aí em cima, sou eu!!!
É meu outro blog...
Beijos!
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nada melhor para enfeitar os dias que as coisas simples da vida. digo eu...
"Talvez a água agora seja apenas
As mãos no gesto de bebê-la. E a ave esta rapina.
Nem voo, nem pássaro voraz. Ausência ainda.
Pura."
Belíssimo poema, Caminhante...
Um abraço.
Um belíssimo poema!
Sem procurar ser exaustivo:
"Ave planando sobre a presa e o repentino som
Da pedra."
"...a água agora seja apenas
As mãos no gesto de bebê-la"
"Gavião e pomba desenhados no corpo
Do desejo."
e por aí adiante.
Um forte abraço
ai amiguito meu !
Como sabe bem essa poesia!
(Loulou)
que bem que dizes
a nossa
in-sularidade de pedra
fio de memória
fio-rio,
danke
beijo
~
Sabes que não sou de palavras, por isso, não sei comentar este "Fio de água" é superior...
Beijinho*
Água de beber
meu amigo
caminheiro
Herético,
a sua poesia já não "cabe" em blogs. Exige o suporte papel, exige a memória do papel. O pousio das bibliotecas. Os ohares de quem não domina estas máquinas diabólicas (e são tantos, Herético, como sabe)...
"Talvez a água agora seja apenas
As mãos no gesto de bebê-la. E a ave esta rapina.
Nem voo, nem pássaro voraz."
Destaco este verso, mas todo o poema é de uma beleza enorme.
Sinceros parabéns pelo seu trabalho e bem-haja pela partilha.
Fraterno abraço
Mel
Um abraço.
Tenho andado fugida da leitura habitual dos blogues amigos. O tempo não me tem dado tempo.
Tenho que voltar com calma para ler outra vez, devagar, as palavras que tão bem te saem do peito.
:)
Bjs
A terra, a água e tu.
Bom ler-te.
Um abraço
Caramba, que andam por aí os arzinhos todos do planalto! Subiste aos fraguedos e aqui vai disto, que nem as «ailas» te acompanham o voo.
Eu gostava mesmo era de ver estes poemas de quem «não tem jeito» aí em livro de arrasar. Essa é que era essa!
Um grande abraço.
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