quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Incautos olhos...

Que sequem as fontes e os lábios gretem
No desespero de todas as sedes!...

E os deuses se enfureçam
E os homens desesperem
E os desertos extravasem e as palmeiras
Se incendeiem e círios de luz negra
Sejam!..

(Incautos olhos!...)

Somos dias sem memória. Perdidos.
Auroras de cinza que o vento sopra
Na corrente sem nexo nem barco.

Vamos por que vamos
Fragmentos em transição.
Margens de lodo e logro na agitação espasmódica
De nada...

Vamos por que vamos - insisto!...
Sem outra luz ou sombra. Apenas a morfina dos sentidos
E olhos embaciados...

Por isso o grito:
Que as trombetas soem e todas as muralhas
Se derrubem. E as cidades se despenhem...


E de punho ao alto me digo

Quem na sêde dos dias ousa as fronteiras
Que inquietos agarramos?...

.........................................................................

Uma arreliadora avaria informática (que parece ultrapassada) tem-me impedido de frequentar os vossos blogs. Espero recuperar em breve o "tempo perdido"...

28 comentários:

Maria disse...

Quanto mais te leio mais gosto de te ler... Poeta!

Beijos
(para quando O livro?)

Mar Arável disse...

De punho ao alto

sempre

Abraço

bettips disse...

Não perdes nada...
'tá tudo cinzento
como os fatos e o tempo.

Agora a sério, faz-nos falta esse pêndulo no grupo das vozes (des)amistosas, sempre nos equilibramos melhor sabendo-te desse lado e atento.
As notícias chegam-nos num tic-tac regular. A poesia, essa cai-nos no arrepio deste Inverno.
Bjinho

Graça Pires disse...

As palavras e a sede...
Um bom poema.
Beijos.

isabel mendes ferreira disse...

POETA!!!!!!



.

Licínia Quitério disse...

Assim se diz o desespero de um Poeta. Em sede e em grito.

Beijo.

Stella Nijinsky disse...

Olá H,

Como sabes não direi punho ao alto! Normalmente corre mal.

Estava a estranhar o teu tom ao longo do poema e bem admirei a conclusão.

O "punho ao alto" tem que ser trabalho, seriedade, inteligência, honestidade, altruísmo com uma preocupação de ajudar em tudo o que se possa. Seja um salto de sapato que se perdeu no passeio, seja ensinar alguém que se vê que está em dificuldades e não pediu ajuda,seja essa pessoa nossa amiga ou não. e por aí... A isto chamam-se valores, atitude Humana, e é o fundamento da prosperidade e da paz.

É assim que se mudam, um a um, os homens.

Como sempre, um belo poema
Beijo,

Stella

vida de vidro disse...

Nestes dias em que o duro Inverno se junta à inquietação que sopra de todos os quadrantes, há que ler o teu poema com atenção. Vamos porque vamos mas almejamos as fronteiras da mudança.
Com a qualidade e marca da tua linguagem poética. **

mariab disse...

palavras à medida dos dias que vivemos. é bom ler a tua poesia.
beijos. bom fim de semana

mdsol disse...

Ah Pois! Qurm escreve assim!
:))

Peter disse...

Retratas bem o tempo que vivemos:

"Somos dias sem memória. Perdidos.
Auroras de cinza que o vento sopra
Na corrente sem nexo nem barco."

P.S. - Também eu, a doença de um familiar tem-me mantido afastado da "comunidade bloguista".

~pi disse...

apesar dos pesares que

com força

aga-r-remos!!




beijo




~

dona tela disse...

Andamos para aqui a fazer catarses, é o que é.

Tinta Azul disse...

E eu grito para dizer:
Que bem escreves!


:)

C Valente disse...

Saudações amigas e resto de bom fim de semana

mariam [Maria Martins] disse...

Herético,

'incautos olhos' . pois .
belo e 'forte' poema!

bom Domingo
um sorriso :)
mariam

casa de passe disse...

Na minha pouca cultura gostei e o avô Ernesto também. Embora eu tenha achado um pouco inquietante. Mas isso sou eu que pouco percebo.

Um beijo


Alice, a Fininha

casa de passe disse...

Mas acho que, se não me esquecer de passar por cá mais vezes, vou melhorar.


Alice

maria disse...

"Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa."

Como tu, meu amigo..
Beijo

Frioleiras disse...

"vamos porque vamos"...


beijinho, Herético...........

Maria P. disse...

Que força em cada palavra, lindo!

É bom voltar, beijinho*

luis lourenço disse...

Arrepiante mas sublime!

A força poética do olhar...É isto o Mundo! Rimbaud. tás no cume.

abraços

véu de maya

Leonor disse...

ola heretico
aterradoras as avarias do computador. comparo-a na sua gigantesca dimensão de panico á avaria da maquina de lavar eoupa.
estas de volta. é o que interessa. gostei do teu poema.
beijinhos

Unknown disse...

... um poema
que bom!
... épico, como quase sempre.
... narra a morte e o renascer, também.
.
[Beijo... @]

Eme disse...

É verdade herético, és um poeta de hoje com escrita de tempos que já não são.

"Incautos olhos!..."

cito-te. que nunca andes à deriva poeta.

Beijo

GS disse...

Poema forte, muito bem construído! Uma temática actual, um estilo de outros tempos.
Retiro esta estrofe:

[...]
Vamos por que vamos
Fragmentos em transição.
Margens de lodo e logro na agitação espasmódica
De nada...[...]

o volver à Babilónia para se partir de um novo mundo...

Um beijo,

... pelo olhar atento a 'fragmentos', sensibilizada!

José Pires F. disse...

Meu caro, há sempre quem ouse.

Abraço.

PS: Bem esgalhado.

Arábica disse...

Ousemos o ousar!

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