(...) "Fingiu o príncipe dos poetas latinos que pediu Vénus, mãe de Eneias, ao deus Vulcano lhe fabricasse umas armas divinas, com que entrasse armado na dificultosíssima conquista de Itália, com que vencesse os reis e sujeitasse nações belicosíssimas que a dominavam, e com que, vitorioso, fundasse naquelas terras o famosíssimo Império Romano, que pelos fados lhe estava prometido.
Forjou Vulcano as armas, e no escudo, que era a maior e principal peça delas, diz que abriu de subtilíssimas esculturas as histórias futuras das guerras e triunfos romanos, compondo e copiando os sucessos pelos oráculos e vaticínios dos profetas e pelas notícias próprias que tinha, como um dos deuses que era participante dos segredos de Júpiter.
(...)
O ofício e obrigação dos poetas não é dizerem as cousas como foram, mas pintarem-nas como haviam de ser ou como era bem que fossem. E achou o mais levantado e judicioso espírito de quantos escreveram em estilo poético que, para vencer as mais dificultosas empresas, para conquistar as mais belicosas nações e para fundar o mais poderoso e dilatado Império, nenhuma arma poderia haver mais forte, nem mais impenetrável, nem que mais enchesse de ânimo, confiança e valor o peito que fosse coberto e defendido com ela, que um escudo formado por arte e saber divino, no qual estivessem entalhados e descritos os mesmos sucessos futuros que se haviam de obrar naquela empresa.
Assim armou o grande poeta ao seu Eneias...
E este mesmo escudo, não fabuloso, senão verdadeiro, e não fingido depois de experimentados os sucessos, senão escrito antes de sucederem, é propriamente e sem ficção, o que nesta História do Futuro ofereço, Senhor, a Vossa Majestade .
Dobrado de sete lâminas dizem que era aquele escudo; e também o da nossa História, para que em tudo lhe seja semelhante, é publicado em sete livros. Nele verão os capitães de Portugal sem conselho, o que hão-de resolver; sem batalha, o que hão-de vencer e sem resistência, o que hão-de conquistar.
Sobretudo se verão nele a si mesmos e suas valorosas acções, como em espelho, para que, com estas cópias de morte-cor diante dos olhos, retratem por elas vivamente os originais, antevendo o que hão-de obrar, para que o obrem, e o que hão-de ser, para que o sejam".
Padre António Vieira – in “História do Futuro” – edição Imprensa Nacional/Casa da Moeda.
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sexta-feira, setembro 25, 2009
Votemos no Futuro!...
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10 comentários:
(Peço desculpa mas estou com dificuldades técnicas para comentar).
O Futuro pode ser amanhã!
Um abraço
O amor pode ser poesia
pode ser revolucionário
Domingo não votem nus
de tudo
os amanhãs já começaram
só falta lá chegar
o PUMA tem alguma razão
mas porque não basta
ter razão
eu também voto CDU
Vim aqui para ver se a minha "reflexão" de hoje se consolidava. Acho que o texto que escolheste ajudou. E mais não digo, que hoje cada um tem que olhar para o futuro que quer. **
Para mim não há reflexão, mas a certex«za de sempre: CDU!!
Sempre!
Deste lado de cá, há tempos, aprendi a lição, a de jamais confiar num liberal disfarçado de socialista.
Um abraço!
'...O ofício e obrigação dos poetas não é dizerem as cousas como foram, mas pintarem-nas como haviam de ser ou como era bem que fossem...'
Padre António Vieira intemporal!
Um beijo
Por motivos profissionais e depois técnicos, andei afastada! Lamento
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