No brado úbere da terra milhares de fios de Penélope
Sobre o cotovelo dos dias de espera
E barcos vazios
E o sangue fermente
Macerado na dor da
ausência...
Há nesse grito a eterna sede das "mulheres de Atenas"
Vestidas de negro e de olhar profundo
De pranto escorrido
No riso em cascatas festivas como bacantes
Em febre...
E no pequeno nome das ervas
E no trevo dos caminhos
A inocência do canto de todas as partilhas…
E a felina gruta de resguardo das coisas simples...
E o bálsamo e a água
Com que o mistério do amor celebra
O corpo de proscritos…
E no bordão dos peregrinos
E no livro das Horas nacarado
E na espada
E no selo
E em todas as juras...
E nos maculados pés
E no resguardo dos portais...
E na fome dos dias por abrir
A fecunda dor de todas as colheitas
E o sândalo de todos os cansaços...
20 comentários:
A tua sensibilidade poética toca-me especialmente.
Beijos.
Nos teus poemas perpassam mitos, parábolas, um paganismo religioso - ou uma religiosidade pagã -. A caminhada dos Homens, sobre o amor, sobre a dor. O sangue por dentro das veias. As sementes dormindo na terra. Tanta coisa! A VIDA.
Um abraço, Poeta.
Lindíssimo, diria mesmo,sublime.
Os passos e o caminho.
Abraço
Belíssimo poema!
Abraço
Muito bonito
:))
um brado que me toca profundo como se mulher de Atenas fosse...
o poeta Thiago de Mello dispara :
- ... deixa de ser apenas a solitária vanguarda de nós mesmos.
trata de ir ao encontro ( dura no peito, arde a límpida verdade dos nossos erros.)
trata de abrir o rumo.
os que virão , serão povo,
e saber serão, lutando."
bonito nome das ervas heretico
e "todos os cansaços"
com carinho e bons abraços ( pra rimar) rs
fique bem, bom domingo
Um poema cheio de referências e ritmos que me agradarma.
Bom domingo.
O qe não me agrada nad, são as letras de verificação, rrss
A vida e a morte
no chão dos passos
o belo no simples
a verdade quase absoluta
Abraço
quase diria... que neste pequeno nome de ervas se conjugam o cansaço das mulheres que vivem a vida com a espada de Dâmocles pendurada sobrte os seus dias e a força dessas mesmas mulheres que empurram o mundo, apesar da dor de todas as colheitas
um beijo e boa semana
um poema imenso...
Um abraço
Nem se sabe por vezes o porquê mas...
Maravilhei, com este teu poema.
Intenso e tão lindo.
Beijo, Herético
Herético,
é sempre um prazer cada leitura aqui.
É uma poesia culta, elegante, trespassada de sentimento.
Muito belo.
Grata pela partilha
Fraterno abraço
Mel
A tua poesia é extremamente rica e tem que ser lida com muita atenção.
Este magífico poema é um exemplo disso mesmo.
Gostei imenso, parabéns.
Boa semana, abraço.
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Bonito e pleno de sensibilidade!
Obrigada, pela ótima leitura...
Beijos de luz e o meu carinho!!!
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Bonito poema! Sentimentos tão elegantemente dispostos...sua escrita é forte!
Tenha uma semana de muitas alegrias!
Adoro qdo me visita, bjinhos!
... foi possível aspirar as fragrâncias deste teu belo poema onde se mesclam referências de um paganismo profundo...
Um beijo,
e nos momentos em que lemos e percebemos que afinal ainda temos algo de bom a levar connosco... um grande beijinho, heretico.
Muito belo o que aqui dizes.
Não quero perder um amigo destes, um poeta virtuoso como tu.
Obrigada por este poema, é dos mais lindos e profundos.
Hoje venho com a bandeira branca, a teu pedido já pacifiquei o meu espaço. Quis mudar antes, quis ir para o sapo, a minha filha mexe nisto para eu não perder a vontade que o corpo nem sempre tem e aquele pássaro pateta já desapareceu. Do espaço e de mim, o que é bom sinal.
Eu tenho de ter nuvens e espaço para repousar.
Assim vai ser.
Um abraço
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