Sobre a paisagem o rio e nele a pedra
Em que me sento. Tudo o mais é apenas a música do tempo
E o véu de uma outra imagem...
Em meus olhos o linho fiado da memória
E a urdidura dos mostos. Tudo o mais são restos ou são cores
Ombreando nevoeiros...
Na boca o sal de licores agora mortos.
E as marcas tecidas de meu corpo. Tudo mais são fervor de dedos
Que incautos não se rendem...
Recolho-me dobrado nestes espinhos
Que de tão doces queimam. Tudo mais são gotas (são favores)
De água ardida num harpejo...
12 comentários:
Mais um poema
para eu dizer
em voz alta
(e disse, soando-me ainda mais belo...)
Poema muito de meu agrado, este.
Acabei por o ler muita vez.
Boa semana
o rio que corre - sempre
para a foz - sereno
nem sempre - arpejo
em acordes de tejo
boa semana!
um beij
Tudo o mais é este belíssimo poema!
Na margem, entre árvores, na sombra doce das palavras.
Abraço
Que baloiço poético lindo e profundo entre o agora que já foi e o agora que está ainda a caminho...Adorei ler-te, Poeta.
Abraços,
Véu de Maya
A música do tempo, doce-amarga, nostálgica. Belo ritmo, suave embalo. Um poema no fio da memória. Um beijo, Amigo.
Um belo poema, mas eu até já tenho receio de falar em rio, não vá alguém confundir com o presidente duma grande autarquia.
Abraço
Herético,
Pois é isso, poeta, na curva do rio, entre o pensar e o fluir do tempo, tu aninha o teu canto ao sabor da paisagem e das tuas memórias de eterno aprendiz da vida...apalpa as pedras sopradas pelos ventos, tão lisas pela erosão das águas, e descobre-se humano, finitamente tecido na urdidura da existência.
Belo poema o teu.
Beijo,
Genny
Pois é poeta amigo
sempre descobres no longe
um abraço aqui tão perto
e o rio corre
por debaixo das pontes
para as segurarem
e às mergens
Bonito muito bonito
são mesmo gotas herético
as águas de um rio que nunca voltam , nao se repete .
nossa vida é mais ou menos como esse rio "Ombreando nevoeiros"
alguns com mais velocidade mas sempre sempre no fundo as águas são geladas
e o medo de mergulhar? rsrs
adorei poetinha
parabéns
Um dia li que os campos, as terras, serão dos donos, mas que a paisagem é de quem a vislumbra.
A paisagem que nos oferece, do seu rio, é sublime. Belo poema Herético.
Gratidão pela partilha
Mel
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