domingo, fevereiro 27, 2011

SOBRE A PAISAGEM O RIO...



Sobre a paisagem o rio e nele a pedra
Em que me sento. Tudo o mais é apenas a música do tempo
E o véu de uma outra imagem...

Em meus olhos o linho fiado da memória
E a urdidura dos mostos. Tudo o mais são restos ou são cores
Ombreando nevoeiros...

Na boca o sal de licores agora mortos.
E as marcas tecidas de meu corpo. Tudo mais são fervor de dedos
Que incautos não se rendem...

Recolho-me dobrado nestes espinhos
Que de tão doces queimam. Tudo mais são gotas (são favores)
De água ardida num harpejo...

12 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Mais um poema
para eu dizer
em voz alta
(e disse, soando-me ainda mais belo...)

São disse...

Poema muito de meu agrado, este.

Acabei por o ler muita vez.
Boa semana

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

o rio que corre - sempre
para a foz - sereno
nem sempre - arpejo
em acordes de tejo

boa semana!

um beij

hfm disse...

Tudo o mais é este belíssimo poema!

jrd disse...

Na margem, entre árvores, na sombra doce das palavras.

Abraço

luis lourenço disse...

Que baloiço poético lindo e profundo entre o agora que já foi e o agora que está ainda a caminho...Adorei ler-te, Poeta.

Abraços,

Véu de Maya

Licínia Quitério disse...

A música do tempo, doce-amarga, nostálgica. Belo ritmo, suave embalo. Um poema no fio da memória. Um beijo, Amigo.

lino disse...

Um belo poema, mas eu até já tenho receio de falar em rio, não vá alguém confundir com o presidente duma grande autarquia.
Abraço

Genny Xavier disse...

Herético,
Pois é isso, poeta, na curva do rio, entre o pensar e o fluir do tempo, tu aninha o teu canto ao sabor da paisagem e das tuas memórias de eterno aprendiz da vida...apalpa as pedras sopradas pelos ventos, tão lisas pela erosão das águas, e descobre-se humano, finitamente tecido na urdidura da existência.
Belo poema o teu.
Beijo,
Genny

Mar Arável disse...

Pois é poeta amigo

sempre descobres no longe

um abraço aqui tão perto

e o rio corre
por debaixo das pontes
para as segurarem
e às mergens

lis disse...

Bonito muito bonito
são mesmo gotas herético
as águas de um rio que nunca voltam , nao se repete .
nossa vida é mais ou menos como esse rio "Ombreando nevoeiros"
alguns com mais velocidade mas sempre sempre no fundo as águas são geladas
e o medo de mergulhar? rsrs
adorei poetinha
parabéns

Mel de Carvalho disse...

Um dia li que os campos, as terras, serão dos donos, mas que a paisagem é de quem a vislumbra.
A paisagem que nos oferece, do seu rio, é sublime. Belo poema Herético.

Gratidão pela partilha
Mel

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