Passe o exagero, mas desde o célebre discurso de Marco António nos funerais de Júlio César, que não escutava discurso tão demagógico (na acepção clássica da palavra). Se bem compreendo o “bom povo” português (e, por vezes, tenho essa pretensão), Sócrates ganhou as eleições de 5 de Junho, com dois discursos no congresso do Partido Socialista.
Atrevo-me a mais – Sócrates forçou a parada e faz ajoelhar a direita à sua majestade de tribuno. Não há acordo possível (para uso interno), à direita que não seja a sua vontade soberana!
As instituições comunitárias (quer dizer, os interesses do capital financeiro) assim o ditam, preferindo o consagrado Sócrates à aventura de um primeiro-ministro “à experiência”, como bem soube acentuar.
A explícita recuperação por parte da União Europeia do PEC4 de Sócrates, rejeitado pela Assembleia da República, nas iminentes conversações de capitulação do País, que se aproximam, assim enfaticamente o demonstra.
Bem sabemos que a direita portuguesa não tem espinha dorsal. Verga-se em função dos seus interesses imediatos. Hoje como ontem e como sempre!... Pois se de outra forma fosse, a humilhação presente bastaria para a fazer perder quaisquer veleidades de governo a curto prazo.
E nisso joga Sócrates, com mestria. Num simulacro de “cortar pontes” com o passado e as suas responsabilidades no desastre das políticas de direita, de que foi fidelíssimo executor com a activa cumplicidade do PSD e do CDS.
Exorcizando os fantasmas de esquerda que teimosamente continuam a assombrar a Europa e o Império! Ungindo-se com o sacral banho de seus devotos! Clamando o seu acrisolado amor pelos destinos de Roma e a salvação da Pátria…
Alea jacta est…
Quem, à direita, o cobiça que se desiluda. E quem, à esquerda, o combate, se arme do melhor da sua capacidade de inteligência e coragem. Para mal do País e dos milhões que sofrem com a crise, Sócrates ocupará, por mais uns quantos anos, o centro da vida política portuguesa.
Como sabemos, até Roma tombou. E Sócrates não tem a grandeza de Roma, helás! Porém, vulneráveis pés de barro!...
2 comentários:
Só lhe faltou falar em "portulhano"!
Abraço
Continuo na minha: há um janota economista, dos anos 80, a necessitar de um escorrega daqui para fora. E uma senhora deslavada e menistra, agora acanhada que devia ir com ele.
E mais uma série de acólitos que só estenderam a passadeira europeia para este regabofe. Décadas.
Abçs
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