terça-feira, setembro 20, 2011

Avaras horas do presente...


Esplêndida a distância na profusão de meus olhos
Longínqua na ardência das tardes
Que hão-de vir na persistência dos homens
E nas avaras horas do presente…

Densa poalha azul cortada na liquidez do ar
Como pingos de um tempo imemoriável...

Nada no oiro refulgente tem o brilho do sol
Espreitando a nuvem onde o horizonte
Se solta abraçando mares…

Quem nesse abraço se perde?
Quem breve declina o verbo na paisagem?

Nem os barcos fundeados são degredo
Nem esperanças fugidias são deserto
Nem remanso de enseadas moleza de águas…

Nem a linha do horizonte se fecha
No declínio da tarde …

E vemos o que vemos. E sentimos o que sabemos.
Apenas o que nos braços cabe
E o fios que tecemos…

E neste abismo de alvíssaras  
Me despenho…









           




14 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Nem sempre o que um poema nos diz se reproduz
Até por ser tão forte

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

um país que se despenha no olhar do poeta.

um beij

Teresa Durães disse...

gostei!

Licínia Quitério disse...

Avaras horas em que declinas os verbos que te caem nos braços.
Tocante, delicado poema, Amigo.

Um abraço.

lino disse...

Estou longe de casa e passei para te deixar um forte abraço.

O Puma disse...

... e eu te recolho...

com um grande abraço

Mel de Carvalho disse...

"Nada no oiro refulgente tem o brilho do sol"

sem dúvida. tudo o mais é ilusão. nas "avaras horas do presente" talvez (e cada dia mais) valha o olhar além.

fraterno abraço daqui
Mel

Virgínia do Carmo disse...

Queda pungente no abismo do cansaço dos olhos.
Será possível acordar depois e perceber que um outro presente, bem diferente, existe?

Espero...

O poema é muito belo.

Um abraço

hfm disse...

Há, contudo, a linha do horizonte aí me fixei.

Graça Pires disse...

Um verbo declinado na paisagem onde se perdem os abraços quando, em volta do olhar, nem há sinais de surpresa...
Gostei muito do poema.
Um beijo.

C Valente disse...

Poema com profundidade
Saudações amigas

lis disse...

heretico .
Lindo poema !!

... sempre nos perdemos nos abraços e dizem que ali está o melhor lugar do mundo,sempre quente,sempre seguro.

" nem a linha do horizonte se fecha/ no declínio da tarde..."
portando há esperança.
De vermos a firmeza da teia.
e quem sabe com persistência , alvissareiras notícias.

me lanço ...

brinquei como quis com as entrelinhas ( voce sempre me deixa a vontade ) nunca zanga rsrs
Adoro quando esqueces a política ineficaz e se lança na poesia ( é o seu forte) rs

deixo um grande abraço

Unknown disse...

Escreves tão bem...
nas linhas e nas entre_linhas!
... e a respiração, por breves minutos
fica suspensa.
como se fôssemos eternos.
[beijo...@]

jrd disse...

Suave queda.
Abraço

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