Quando o vermelho se agita no mastro mais alto das cidades
E a flor da memória viceja no lajedo das tardes
E os cânticos desfilam em gargantas ressequidas
Como marés de sal-gema em cristais macerados.
Por momentos a dor abate-se em flâmulas agigantadas
Como velas. Não moinhos, nem barcos – apenas o grito.
Ou o poema em trânsito.
A palavra então é interdita. Sobra porém o gesto. Agora.
E a humidade dos olhos. E o caudal de bocas indignadas
E o eco das canções. Que ardem...
E esta labareda de abraços.
E esta (des) esperança contrafeita. Mais que teima –
Rumor da história ou sobressalto de alma.
Sonhos e escarpas em cada olhar. E a miragem
No fervor dos dias inesperados...
10 comentários:
E de súbito o dia (in)esperado está aí e mais do que miragem é oásis!
Abraço
Gosto mesmo!
Pelos dias esperados!
Beijo
Laura
Todos os dias
uma mulher em flor
Unidos contra muros e amos
Abraço sempre
Miragem que se há-de fazer oásis!
Abraço
Um belo poema à indignação e a outras emoções bem sentidas em pleno "alto-mar"...
Saudações amistosas.
«E esta (des) esperança contrafeita. Mais que teima –
Rumor da história ou sobressalto de alma.»
como é belo o que escreve, estimado Herético, mesmo quando, obviamente, se indigna perante este estado de coisas, este país, este mundo.
fraterno abraço
Mel
Agora!
Unidos!
No fervor do dia esperado.
Vida longa a quem escreve assim e vida longa a quem gosta de o ler.
Muitas respostas, sem ser necessario perguntas.
Sem muros nem amos.
Agora!
Unidos!
No fervor do dia esperado.
Vida longa a quem escreve assim e vida longa a quem gosta de o ler.
Muitas respostas, sem ser necessario perguntas.
Sem muros nem amos.
... entretanto Seguro
apoia Cavaco
Li um trecho do 'desassossego' de Pessoa e encaixa no momento talvez nessa miragem de dias 'desesperados...'
é isto:..." o vento levantou-se/primeiro era como a voz de um vácuo/um soprar no espaço para dentro de um buraco/ uma falta no silêncio do ar./ Depois ergueu-se um soluço, um soluço do fundo do mundo,/ e sentiu-se que tremiam vidraças .../ Depois soou mais alto,/ urro surdo, um urrar nocturno /ranger de coisas, um cair de bocados ..."
O seu 'poema em transito' me pega sempre heretico,
e me faz ter vontade atravessar esse nosso oceano atlântico pra compartilhar esse 'fervor de dias inesperados' rs
meus abraços
Enviar um comentário