quarta-feira, janeiro 29, 2020

CADÊNCIAS ...


1.
Enamoramento das palavras
No interior do poema. E a subversão
Do Mundo…

2.
Cadências mudas. Em formação
De concordâncias. E a iminência de sílabas
E das salivas…

3.
Olhos nos lábios a desenharem
A desordem dos sentidos. E a orla do verso
E do reverso…

4.
Cítaras nos dedos. Faunos
E Ninfas nuas. E seus folguedos.
Pagãos que somos…

5.
E puros…


Manuel Veiga  




13 comentários:

Margarida Pires disse...

Lindo palavrear.
Fascinante na minha humilde perspectiva.
Beijinhos de luz.
Megy Maia

Rogério G.V. Pereira disse...

E puros...

emergindo da impureza dos dias

Teresa Almeida disse...

Quando "as palavras se enamoram dentro do poema", a poesia ferve.
E os folguedos são a cadência natural dos sentidos.
A tua escrita é de enorme envolvência.

Parabéns, meu amigo Manuel Veiga.

Beijos.

Jaime Portela disse...

De pagãos e de puros todos temos um pouco...
Excelente poema, gostei imenso.
Caro Veiga, um bom resto de semana.
Abraço.

Ailime disse...

Poesia de excelência, Manuel.
Gostei imenso.
Um beijinho e uma boa tarde.
Ailime

José Carlos Sant Anna disse...

Que bela articulação de discurso, meu caro poeta! Faz-nos pensar nas pulsões da criação tal organização discursiva. Os sintagmas nominais predominam na construção do poema... E o poema está criado com "palavras justas"...
Um grande abraço, meu caro amigo!

José Carlos Sant Anna disse...

Que estranho me soaram as "palavras justas", meu caro amigo.
Que bicho me mordeu? Algum rabo de saia teria me distraído...
Ou, quem sabe, Dave Brubeck?
Que soaram muito mal agora não tenho dúvida.
Mas o é um poema medido... à altura do que tem sido publicado aqui.
Forte abraço, caro amigo!

Genny Xavier disse...

A poesia só ganha com este teu "namoro" com as palavras...torna belo e leve o encontro delas na "cadência" dos versos que dão substância aos teus sentidos de poeta.
É bom ler o que escreves, Manuel!

Beijo.
Genny

Olinda Melo disse...


Namoro com as palavras, diz a Genny Xavier. E concordo com a sua leitura.
Um enamoramento que se manifesta ao longo dos cinco passos deste belo Poema.
Cadências e compassos cúmplices nessa "subversão do Mundo".

Abraço, Manuel Veiga.

Olinda

Pedro Luso de Carvalho disse...

Amigo Manuel, o que poderia comentar nestas suas “CADÊNCIAS...”, na sua sequência, cinco ao todo? Que as li como endo pequenos poemas, todos eles numa espécie de magia? Ou diria que essas “Cadências” podem ser lidas como uma unidade, uma ginástica do metapoema?
Gostei, Poeta, que não briga com os sons da sua Lira.

Um bom final de semana, caro Manuel Veiga.

Um abraço.

Elvira Carvalho disse...

É a magia do poeta, na cadência das palavras.
Abraço e bom fim de semana

Agostinho disse...

"Pagãos que somos... / E puros" condição suprema para o dedilhar livre, natural e ousado do "[...] verso / e do reverso". O Poeta cumpre as premissas, por isso tem os favores da musa, nas Cadências criativas, parte do principio, da fecundação, do fervilhar da gestação interior, no ventre (liso e dourado) , para seguir no labor da conformação para a periferia da palavra e da linha-verso-poema.
E eu li com agrado. Leio outra vê, e da musicalidade das palavras emergem ritmos a convidar o corpo à dança.
Very good, Amigo MV.
Abraço.

Ana Freire disse...

Quando a subversão... permite uma boa alternativa, para a compreensão do mundo, ou para a nossa incompreensão perante o mesmo... é essa a função da poesia...
Uma cadência harmoniosa e inspiradora por aqui... para nos despertar os sentidos...
Mais um momento poético, ao mais alto nível, por aqui, Manuel! Parabéns!
Beijinho
Ana

ESCULTOR O TEMPO

Escultor de paisagens o tempo. E estes rostos, onde me revejo. E as mãos, arados. E os punhos. Em luta erguidos…  S ons de fábrica...