Veste-se o
outono de mostos e fermentam
Sabores na
glória dos frutos que as bocas Salivam
Tão maduras
Que se desprendem
Como promessas em zénite
Atordoadas em mel
Quais corolas
Soltas em voo de línguas suculentas...
Impúberes os
sonhos. Ainda
Que humedecem os
olhosDe tão claros.
Azul
Na vertigemE no alvoroço
Cinzento na hora da chegada
Como restolho depois do dia
Ou despojos
Diurnos
Antes da noite
E do frio...
De nada vale o
doirado das vinhas
Nem a plangência
do solNem o vigor íngreme
Dos passos
Na cadência das montanhas.
Nem a vindima.
Nem os cestos...
O outono é esta memória
cálida
Fogueira onde soletro
meu corpo acesoE cato meu piolho (existencial)
E minha sarna...
Dulcíssima flama
em que me embalo...
13 comentários:
Belíssimo!
Um deslumbramento poético.
Abraço
"Veste-se o outono de mostos"
E eu me visto com estes versos que me encantam o olhar e perfumam o coração.
Sorrisos e estrelas nos teus caminhos.
Helena
Ao Outono falta-lhe os relâmpagos
ao teu poema não falta nada
Belíssimo poeta amigo
o outono cheira a mosto e à beleza do poema que deslumbra quem é o lê...
:)
E até mim chegam os doces aromas do celeiro da minha avó paterna, onde havia cachos de uvas pendurados nas traves do tecto e tabuleiros cheios de maçãs, peras, figos...
Abraço
Fico a ler, a reler...
Para aprender, do outono, a música, a melancolia, o brilho da voz que o assim o canta.
Um beijo
Resta-me?
O silêncio resultante da beleza das palavras.
Abraço.
Poema adorável
cumprimentos de Antuérpia
a sua escrita, caríssimo Herético, em especial a poesia, é, inequivocamente, e toda ela, leigada de um enormíssimo calibre literário, que não será alheio, seguramente, a uma vida repleta de grandes mestres. lê-lo, por conseguinte, é sempre um enorme aprendizado.
belíssimo poema. grata,
fraterno abraço
Mel
As palavras também carregam beleza... Para quem as sente!
Que força! Gostei (até porque não "morro de amores" pelo outono...)
O outono é essa delícia de poesia heretico, um convite a debruçar sobre seu pensamento...'antes da noite e do frio'
_tardes mornas céu mais azul folhas amadurecendo e a sua veia poética soletrando também no meu corpo que aceso está a espera de um verão que fatalmente chegará ofuscando as cores com excessos de luz.
Sou bem mais essa 'dulcíssima' labareda que te embala
rs
abraços abraços muitos abraços e obrigada por permitir que escreva o que bem quero por aqui no seu espaço sempre acolhedor.
Sabes como gosto do teu 'poetar'! Lindo, sinestesias soberbas ( o outono é a estação de excelência para tal), mas é preciso sensibilidade e arte! E tu tens !
Um quase nada 'ácido', o mosto, na coda...
Beijo
Enviar um comentário