Na nítida
proporção das coisas a matéria
Insinua-se nas
asas dos anjos sobre a cidade sitiada
Nada que os
homens não saibam
Ou a que as
esferas não se curvem
Em seu percurso
frio e solitário.
Nada está
escrito.
Apenas a
soberana vontade dos famintos
Ou os sequiosos
martírios de azul cobertos
De tanta
esperança contrafeitos
Redimem este
tempo de murmúrios sibilados.
Não a culpa dos
inocentes. Nem as apóstrofes da guerra.
Tatuamos no
rosto a letra escarlate
E dos proscritos
vestimos a poluída túnica
E a carne
macerada.
E bebemos o vinho pisado pelos homens.
E do pão da vida
fazemos sarça
E ardemos no
verbo inaugural
Que de tão ígneo
se faz sémen
E explode na
persistência dos anjos
Sobre a cidade
sitiada...
Manuel Veiga
5 comentários:
A sua escrita tem algo de Gide.
Como uma missão, escrita em letra escarlate.
Triste e belo.
A "persistência dos anjos sobre a cidade sitiada..." é tão só o que resta...
A força dos vocábulos em explosão
Um beijo
Nada está escrito...
As palavras, como chispas, hão-de um dia incendiar a cidade sitiada e libertar os Homens.
Abraço Poeta
... e assim ...
inscritos
levamos as palavras à boca
como se fossem pão
Abraço sempre
Lindo poema,lindas palavras!! Super adorei. Fica com deus e muitos beijinhos,até breve!! http://musiquinhasdajoaninha.blogspot.pt
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