Há nesta memória
uma inóspita dor. Subterrânea.
Ou talvez uma
gravidez calada.
E um rastilho
aberto (ainda não fogo).
E um murmúrio de
água que se deslaça do interior da pedra
Antes da fonte.
E os dedos de colhê-la.
Ou a sede que
se pressente
Neste arfar. E no
desalinho da cidade...
Há nesta espera
um novelo
Que os olhos
desfiam. Gota a gota...
E há um estio
bravio. E uma inquietação que lampeja.
E uma dor que se
faz canto e uma centelha
Que almeja. E o fio
oculto da chama.
Ou um grito.
Há talvez um dia
outro - que a memória se desprenda!...
Ou uma brisa. Que
incendeia. Ou um mar. E gente
Sofrida que não
cala.
Há talvez
alamedas. Míticas e cheias.
E flores no cântico
das armas.
Que então a pedra
seja chama. E as praças sejam parto.
E os corpos se
incendeiem.
E a água seja cântico.
E Abril seja
límpido. E claro.
E a justiça
viceje no rosto do meu Povo.
E na boca
dos famintos...
Manuel Veiga
...............................................
25 de Abril, Sempre!...
Beijos e abraços.
Até breve...
25 comentários:
Muito belo! Muito conseguido! Como sempre, Poeta!
Um beijo de Abril.
Pássaros silvestres
famintos
do pão dividido
em liberdade
Abraço sempre
Chegará o dia em que havemos de incendiar os corpos à beira do grito 25 de Abril, Sempre!
Grande Abraço Poeta
Poema-bandeira
e hino
e prece
com sabor a memória do futuro
Adorei esse poema. Riqueza na construção e nas ideias de cada verso. Perfeito!
Beijos, heretico!!!
Belíssima visão constatada desejada e invocada no poema.
_ o poeta Manuel nada tem de heretico quando num 'arfar' desfia nao só o'desalinho',também as 'flores'.
Transcrevo um trecho comparativo, tão lindo quanto o que leio aqui.
Pra sintetizar:
"...o seu olhar, que é um farol erguido no alto de um promontório/
sai uma estrela voando nas trevas,/ tocando de esperança o coração dos homens de todas as latitudes/.
E os dias claros/ inundados de vida/perdem o brilho nos olhos do poeta/ que escreve poemas de revolta/ com tinta de sol na noite de angústia/ que pesa no mundo."
É isso heretico _ és um farol e usa as palavras brilhantemente.
Parabéns e até muito breve ( vou a Portugal)
fica meu abraço_ até aí.rs
Gostei muito do poema.
E... 25 de Abril, sempre!
Um forte abraço!
Há, na certa, inspiração e palavras belas.
beijinhos
Tão belo...
Tão verde-rubro de Abril!
Beijos.
25 de Abril, sempre!
Abraço
Lá mais para baixo pareceu-me ouvir as fontes rumorosas... E eram, mesmo. De fontes, sim, se tratava!
Excepcional! Pressinto a dor e a sede e o desencanto. Mas quero a luz da Liberdade para sempre e que "Abril seja límpido. E claro.
E a justiça viceje no rosto do meu Povo. E na boca dos famintos..."
Um beijo, meu amigo e boa Páscoa.
Forte e belo, como haveria de ser. A memória tem que evitar o silêncio porque sofrimento oculto não produz efeitos. E é sempre tempo de justiça. Abraço.
incendiar as palavras e os cravos ganham nova cor...
muito bem!
:)
Sabe-se lá quando a natureza das gentes explode como um poema?
Assim.
Oxalá!
Abç da bettips
Até Abril e num mesmo ABRIL!
Beijinho
Um poema que me levou direitinha a esse Abril futuro, bem presente à custa de tão imaginado ser, Heretico.
25 de Abril, sempre!!!
Do inicio ao fim, todo o poema nos enche de esperança...Excelente!
Bom fim de semana.
Páscoa feliz.
Beijo
Abril, sempre!
Convido-o ver o meu vídeo Portugal 2014, no meu colectivo lagos, de acesso fácil a partia da barra lateral da minha poesia.
Um forte abraço!
Eu gosto tanto de lê-lo...é o meu íntimo que aqui projecto!
Beijo grande
Que bem se canta Abril por estas bandas! Precisamos urgentemente de uma Nova Revolução. Necessitamos de fazer uma grande limpeza em S. Bento e em Belém...
Parabéns Poeta!
Inspirado como sempre, 'Herético'... e inspirador.
Boa Páscoa !
Beijo
Dias vermelhos, inspirados :-)
Feliz Páscoa !
Beijo
já comentei este poemas, mas gostei de o ver noutro palco.
:)
Para assinalar este dia, levei este poema por empréstimo.
Espero que não se importe.
Beijinho
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