segunda-feira, julho 28, 2014

NO RUMOR DA LÍNGUA

No rumor da língua o gume da ausência
E o poema em sua luta desamparada
E a palavra interdita sem glória ou graça
Que a diga...

E, no entanto, esta água. Apta.
A inundar as margens e o cais da espera.
E a caprichosa hora da chegada.

E na boca a demora
Qual saliva de sal que queima
E se incendeia
E flameja
Como alvorada
Sonhada...

Ou como fruto que explode
Em lábios da fome
Na miragem
Da palavra
Soletrada...

Manuel Veiga



13 comentários:

maceta disse...

quando a "língua" é um símbolo de facto...

Helena disse...

É a palavra 'explodindo' versos... Tão sensíveis quando cabem no poder dos poemas!
Simplesmente magnífico o conto "Le Grand Final..." que também aplaudi de pé, no entusiasmo de conhecer o vigor de mais uma obra tua.
Nos sorrisos, as estrelas!
Com carinho,
Helena

Ana Tapadas disse...

«O rumor da Língua» é uma feliz expressão de Roland Barthes que aqui se desenvolve na perfeição. Beijo

Graça Pires disse...

Belíssimo imaginário poético, onde as palavras revelam o desejo profundo de quem conhece todas as vertentes do amor...
Um beijo, meu amigo.

jrd disse...

Quando o poema é beijo que tarda.

Abraço Amigo

Shirley Brunelli disse...

Que esse lindo poema, não fique parado no cais da espera, mas, que siga viagem pelo mundo.
Beijo, heretico!

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

perfeito!

:)

C Valente disse...

Se o homem manda-se no tempo,
se temos as desgraças que temos,
O tempo ,parando, voltando para trás
Os poderosos viveria todo o tempo do mundo.
Assim e felizmente ninguém manda
O tempo passa mais "rápido" ou lento de acordo com o nosso estado de espírito
Saudações amigas ,

Graça Sampaio disse...

Já tinha saudades deste vigor, desta força!

Muito lindo! (copiei...)

Beijinhos.

Mar Arável disse...

Para lá do azul

Abraço fraterno

Anónimo disse...

Os doces dos encontros, dos amigos, das palavras QUE SE ENTENDEM!
Como estas, sílaba a sílaba, soletradas e a voar. Consoante as vogais...
Abç da bettips

Teresa Poças disse...

Fenomenal! Obrigada por acompanhar o meu blog :)

George Sand disse...

De todas as palavras,
A mais bela
É a que ainda não se domina.
em frase absurda, de infinitos...

Parabéns pelo livro! Venham mais!

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