quinta-feira, setembro 18, 2014

NA MUTAÇÃO DAS HORAS...


Na mutação das horas pressente-se o alvoroço das aves
Nos mastros mais altos em prenúncio de cântico...

Caótica uma cor indecisa alastra desordenada
Sem forma que a prenda
Magma quente
E fio de água
Que se insinua
Na pedra
Tímida...

E o sobressalto
Como arco tenso
Ainda preso...

Ou fera
No agitar da presa
Apenas pressentida...

Sou guardião dessa memória - que não da gesta!...
Desses trilhos que se avolumam
Como sinais de fogo
Nas montanhas
Soprados
Pelo acaso...

E pelo inesperado dos ventos...

E que o coração dos homens
Guarda como sacrário
E estremece
Na persistência alada
Do sonho...

E se transforma em vida
No corpo enxague
Dos proscritos...

Manuel Veiga


6 comentários:

O Puma disse...

Nos mastros mais altos

cantam as marés
Abraço fraterno poeta

Ana Tapadas disse...

Ser guardião da memória...importa sempre!

bjs

Lídia Borges disse...



Banidos! Tanto que somos "pelo inesperado dos ventos..."

Bj.

Lídia

Helena disse...

Gloriosa é a memória que "estremece na persistência alada do sonho e se transforma em vida".
Belo e profundo, como tudo aquilo que sai da tua alma!
Sorrisos e estrelas nas horas da tua semana,
Helena

maceta disse...

o sonho, essa essência sem desenho físico que alimenta o ânimo...

muito gosto em ler e perceber...

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

pelo inesperado do vento escrevem-se poemas profundos e belos....

e subo ao mastro mais alto e preparo o voo.

bom fim de semana.

:)

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