Arde no ar um
gosto antigo de alfazema
E o fio dos dias
suspenso agora. Apenas
A festiva
azáfama. E o corredor do tempo.
E as maçãs
emolduradas. E as uvas deglutidas
Bago a bago. E o
riso em bocas pregoeiras...
Outonais os dias
embalsamados em colcha
Domingueira. E a
linha do teu corpo
Debruada por
meus dedos no vazio dessa ausência.
E os seios tão
tenros - que ainda queimam:
Açucenas sobre
feno...
A saia agora é
vórtice. Esplendor na relva.
Voando. Que
corpo se inflama ainda.
E o mar é teu
joelho. E absoluto barco
Singrando em meus
olhos. Cavaleiro imaculado
Na chama dessa
aurora pioneira.
Chama e flor.
Pois que em ti declino o lume
Dos dias e o
tempo de outras margens:
Miragem sobre mim
descendo...
Manuel Veiga
12 comentários:
Vou dedilhando
verso a verso
esse odor a alfazema
ou será relva?
O melhor do amor é essa memória dos poetas que são livres no pensamento e com seus versos transportam o cheirinho da alfazema até onde o sol alcança.
Bonito demais!
"E a linha do teu corpo
Debruada por meus dedos no vazio dessa ausência".
Que belo é este verso! Todo o poema traz a delicadeza do amor com o gosto de alfazema que também ficamos a sentir...
Sorrisos e estrelas na tua semana,
Helena
~
~ O enlevo de belíssimas memórias outonais, despertadas
pelo maravilhoso perfume de alfazema.
~ ~ Sabor a feliz e jovial plenitude campestre.
~ Que venham muitas estações esplendorosas!
~ ~ ~ Beijo, Poeta amigo. ~ ~ ~
~~~~~~~~~~~~~~~~~
Depois da ausência, encontro por aqui três belos poemas, qual deles o mais inspirado.
Parabéns, amigo!
A complexidade do simples
num poema com palavras perfumadas
em liberdade
chão firme que partilhamos
Abraço poeta amigo
bem me esforço para atingir e compreender o âmago da ideia inicial...
abraço
Gosto do perfume das palavras. :)
Um fio de água
um fio de palavras que se deslindam e (a)lindam o dia.
Um cheiro de alfazema que trazemos de antiga a mente.
Abç
Quando aromas sublimes do poema invadem a paisagem esplendorosa.
Abraço fraterno
as memórias e os odores desse amor, ainda tão frescos nas palavras do Poeta.
muito belo!
:)
Invadiu-me este poema - magnífico!
Beijos
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