Rubros os
mastros. E as colinas.
Em nuas
confluências
De abraços. E de
pétalas...
Derramam-se na
cidade rios e memórias.
E soltam-se os
poetas. E os murais...
Em gesto largo
sobre o gume dos olhares
Maiakóvski –
vindo de um Futuro grisalho
De saudade e de tanta
teimosia! –
Abre-se no
palco...
E grita em seu
jeito gutural e bárbaro:
-“Este é o meu Povo. Ainda!...”
A seu lado, a
Mulher de Vermelho
Solta a lágrima
da fome
E a criança
loira das espigas...
E então
- Palavra de
cristal em riste! -
Arranca os olhos
e rasga-se em febre
E pitonisa
inflama-se na língua e nos prenúncios
E ergue-se na
aurora dos dias que hão-de vir...
Na densa nuvem
alvoroçada
A multidão
ignara ri e chora...
E um velho
caminheiro alquebrado -
De fadigas e da
idade - sobe então ao mais alto dos mastros
E ascende em
lume o rubro das bandeiras...
Manuel Veiga
8 comentários:
Nos mastros mais altos da vida
Abraço poeta
"E soltam-se os poetas"
Caríssimo,
Palavras rubras para versos febris, sanguíneos de drama, derramados de força e glória.
Revisitar seus versos é como aspirar a aurora na noite dos dias.
Meu carinho.
Genny
"Rios de memórias" a movimentar o coração do poeta, com beleza na tristeza. Abraço.
Acendam-se à noite as candeias!
e na cidade o Poeta ousou cantar... mesmo que já fosse alquebrado e cansado
e a madrugada chegou com a luz azul dos céus acordados.
beijo
:)
Uma exortação poética de grande intensidade.
"Derramam-se na cidade rios e memórias./E soltam-se os poetas. E os murais..."
E já que citaste Maiakóvski:
"Cada um ao nascer
traz sua dose de amor,
mas os empregos,
o dinheiro,
tudo isso,
nos resseca o solo do coração. "
(...)
Habitualmente é assim (título)
beijo
(agradeço tua amizade sempre presente em 'fragmentos')
Olá, Herético.
Valha-nos os poetas. Que os soltem!
abç
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