Sobreviventes da
demanda, somos restos
Que as marés
deixam nas margens
Ou teimam à
superfície das ondas
Antes que as
crianças ou o capricho das correntes
Os devolvam à
água – matriz de tudo –
E os titãs
ganhem forma nas profundidades
Antes da
conquista das montanhas...
Ou as algas se
enredem no cabelo das ninfas...
Aprendemos a
“respirar por guelras”
Diz um Poeta –
meu irmão na poesia e meu amigo –
Como se a
sobrevivência fora cântico no interior dos búzios
E a distância
abismo do sonho
Antes de
deflagrar no furor dos punhos...
E as aves desgrenhadas
fossem utopias rubras...
Azul é este
poema, que se afoita ao destino da hora
Macerado de
cansaços e andarilho ainda
Das sete
partidas anunciadas. E que efabulamos
Em noites de lua
cheia e nos lances da memória...
Mordemos a vida
escassa – essa nossa fome!...
Manuel Veiga
10 comentários:
És um Poeta a sério!
Gosto do ritmo e do intrincado das metáforas.
Beijo
Antes de deflagrar no furor dos punhos... depois de mordida a vida escassa
Um momento e tanto
Sobreviventes da demanda, mordemos a vida escassa e assim havemos de matar a fome, um dia...
Abraço meu irmão poeta
Estou com essas "aves desgrenhadas". Apesar da fragilidade das mãos aprendemos a ser sobreviventes dos nossos próprios sonhos...
Um belo poema, meu Amigo.
Um beijo.
Aves desgrenhadas
porque não há morte para o vento
Abraço
O poema lembra os imponderáveis da vida
_não há certezas nem previsões haverá sol tempestade ou o continuar do'respirar por guelras'
Que algum peixe salte pra matar essa fome!
A fome de utopia de um poeta sempre
é revolucionária, o caminho não comum percorrido
semeia o canto à vida, o fogo dos sonhos não
adormecidos e desafia o destino das horas
nos cursos das águas...
O poeta tem fome de vida...
Que poema belo, fiquei totalmente imersa nele...
Adorei, Poeta amigo!!
beijo.
Ps: Eu conheço esse poeta citado, é um "tal" de
Mar Arável, o poeta mestre das metáforas...Rsrs
Se não deixamos adormecer os sonhos, mantemos nosso amor à vida e a luta pela sobrevivência faz com que os cansados e desgastantes desafios um dia sejam vencidos. Belísimo! Abraço.
É na ingenuidade pura dos meninos que a utopia tem garantida a eternidade. É essa a verdade que mata a fome das aves desgrenhadas.
Um poema de mão cheia.
Aprendemos de facto a respirar por guelras até ao regresso à terra que haveria de dar o nome ao planeta. A vida é escassa e cada dia que passa é uma conquista...
Abraço do Zé
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