Os
Sapos
Enfunando
os papos,
Saem
da penumbra,
Aos
pulos, os sapos.
A
luz os deslumbra.
Em
ronco que aterra,
Berra
o sapo-boi:
—
“Meu pai foi à guerra!”
—
“Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.
O
sapo-tanoeiro,
Parnasiano
aguado,
Diz:
— “Meu cancioneiro
É
bem martelado.
Vede
como primo
Em
comer os hiatos!
Que
arte! E nunca rimo
Os
termos cognatos.
O
meu verso é bom
Frumento
sem joio.
Faço
rimas com
Consoantes
de apoio.
Vai
por cinquenta anos
Que
lhes dei a norma:
Reduzi
sem danos
A
fôrmas a forma.
Clame
a saparia
Em
críticas céticas:
Não
há mais poesia,
Mas
há artes poéticas…”
Manuel
Bandeira – Poeta Brasileiro - 1886/1968
11 comentários:
Sim,
há muita arte poética,
mas em tempos de internet,
acho que o Bandeira tremeria
e Bilac, então, morreria.
Vê,
até eu que não sou poeta,
faço poesia.
rima pobre
rima rica
Foi irresistível.:)
Beijinho.
Poeta amigo,
Manuel Bandeira é genial, um mestre no universo
poético e literário (na arte da pontuação),
criador com a sua originalidade linguística...
Escolheste um poema grandioso, uma crítica dele
em relação à crítica da época...
Devolvendo o presente com outro dele:
Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
Manuel Bandeira (Livro: Estrela da Vida Inteira- Poesias reunidas)
beijo.
Poeta amigo,
Tem uma surpresa para ti na minha nova postagem...
Ainda hoje vomito
o único sapo que engoli
"a bem da nação"
Um dos grandes, que você colocou em excelentes companhias. Abraço.
Com acerto e mesmo à hora do foguete, trouxe o Poeta uma poesia de mestre do mestre Manuel Bandeira.
Que acrescentar da Saparia deste Sapal? Nada!
Grande poeta!
Abraço
Um grande Poeta a falar de grandes Poetas...
Um terno beijo da
Helena
Grande Manuel Bandeira!
Apesar da "saparia" a arte poética vai continuar. A Poesia nunca morre.
Um beijo, meu amigo.
O mesmo se passa comigo.
Com Manuel bandeira não se engolem sapos.
Abraço
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