Anunciam-se as
coisas (ou o que delas vemos)
Sem rosto ou
permanência
Como se o tempo
fora espera pura
Ou esfinge em
rota de ventos
Por abrir...
Prenúncio
apenas...
Nada demove o
silêncio assim dobrado
Como vara de
profetas: que de tão denso se recolhe
E de tão pródigo
se distende
Em profusão de
promessas
Rarefeitas...
De âmbar e sal
estas veredas maceradas
Ferida aberta no
corpo solar dos dias
Rebeldes as
sílabas no palato das palavras
Que soltas se
condensam em olvido.
São de mar e
fel, assim doridas
Na distância que
as abarca e nas areias que as sorve
Combustão
estrelar em noite infrene
Tão negra que
implode e se faz brilho
De tão fria...
E no colapso das
trajectórias perturbadas
Nos desertos
devorados pelas dunas
Talvez a
distância se faça
E expluda em
flor carnívora.
E seja safra...
Manuel Veiga
6 comentários:
Muito belo!!
Um daqueles poema de profundidade
igualmente a uma faca a fazer
cortes na carne viva das palavras...
"Ferida aberta no corpo solar dos dias"
Este solar irradia transcendências...
Esta belíssima profundidade poética
semeia o campo fértil da inspiração
para nascer flores "nos desertos
devorados pelas dunas"...
Apreciei muito ficar imersa nesta
profundidade poética, uma leitura
de um tempo em que o silêncio se desdobra!
beijo, Poeta amigo.
Um poema bem denso.
Para ler e reler, com toda a calma...
Excelente.
Tenha um bom fim de semana, caro amigo.
Um abraço.
Ah, meu amigo, à medida que lia, num crescente cadenciado, sentia a força das palavras tomar conta de mim...!
Forte e belo poema
Um abraço
Por vezes, não sei o que dizer quando venho aqui. Os seus versos sempre têm sentido e nos abraçam os sentidos. Prenúncio... apenas??? Abraço.
Poema forte que nos agarra.
Abraço*
profundo e bem solto, apesar transmitir sentimentos contraditórios...
um belo trabalho, como já nos habituou...
beijo
:)
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