Encobre-se o
poeta em seu nome
E assim
emboscado
Recolhe a graça
E se faz Mar
E barco...
E se unge
E se alcança
Marinheiro...
Torna-viagem de
si próprio arde.
E na amurada do
sonho funde as rotas.
E todos os
mapas. E em todas as praias
Aporta.
Peregrino...
Em cada enseada
se derrama.
E em todas as
ilhas cativo.
E é mastro
altaneiro. E gávea.
E é o alvoroço
inaugural das ondas.
E o corpo em
flor de Nereide.
E o canto
enfeitiçado...
Tece em seu
diário a ortografia da viagem.
E o assombro. E
a vertigem.
E em registo
cifrado
Tabelião de
desacertos
Resguarda-se.
E desdizendo-se
se faz rota.
E do sangue
incendiado
Se faz Grito.
É companheiro de
brumas
E Argonauta de
todas as demandas.
E na Âncora em
que se acolhe
O prodigioso
dia!...
Manuel Veiga
11 comentários:
Quase todos os poemas são autobiográficos
mas os teus não
Abraço sempre
queres dizer na tua, meu caro MarArável, que sou um poeta "fingidor"? favores de amigo, certamente...
abraço.
Um super-homem... por ela?
Linda melodia, letra e voz...
Beijos, Manuel!!!
Encobre-se o Poeta de disfarces mil
desnudando a Alma...Perfeita viagem.
Gostei muito, Poeta.
Abraço
Janita
Intensidades mil, dum poeta em que as palavras respiram à flor da pele, sem qualquer resguardo...
Forte abraço
Em cada poema, um prodígio. :)
Começando com o título ("Encobre-se o Poeta em seu nome..."),
belíssima metáfora, em que o Poeta confessa a sua capacidade
de se renunciar no seu brilho, diante do brilho em seu nome (o dela)!...
Em uma viagem (interior), desnuda a paixão no canto sensual,
belo (enigmático) e poético. Numa rota única de mistérios do
(A)Mar, o Poeta na sua grandiosidade já se descobre e o poema
acolhe a imensidão inscrita em "Prodigioso dia", em vida
que corre se eternizando em (tua) poesia!...
Amei ler!!
beijo.
e não é que o Poeta também pode ser marinheiro...
e assim se faz mar (a)mar de palavras...
um beijo
:)
Se a metáfora do verso nos lembra outros poemas ou outros poetas... além dele, múltiplo de tantos, teus versos, neste poema de entrelinhas, também me reportaram ao instantâneo das minhas repetidas leituras para uns versos já tão conhecidos deste outro português que, tanto quanto a ti, admiro:
"É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.(...)"
(Eugénio de Andrade)
Deste lado de cá, meu beijo
Genny
"Encobre-se o poeta em seu nome" no modesto fingimento... o que importa é saber-se da enseada onde lança ao fundo a sua âncora.
Muito bela a sequência de faces que toma o poeta ao longo do poema na superaçao da condição redutora do nome.
Bom dia, Herético.
Tão belo poema.
Sem que me restasse dúvida, poderia fazer deste poema um relato de mim, ainda que não seja poeta mas sendo peregrino. Peregrino na própria terra peregrino em outras terras. Marinheiro sem leme, e de âncora perdida algures no alvoroço das ondas.
Magistral.
abç amg
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