Gota a gota o
calcário na persistência da água
Inaudível música
a inundar o interior da pedra
Antes da
forma...
O furor das
catedrais são meus olhos
E as linhas que
precedem a condensação das horas
Ainda fluídas...
E os invisíveis
dedos no rosto das coisas
Que amadurecem
na vibração das tempestades
Adormecidas...
Nada é eterno.
Nem a voracidade das chamas.
Nem o colapso
dos gelos. Nem a sedimentação dos dias.
Nem o esplendor
de montanhas sagradas...
Apenas o vigor
de cada forma em novas formas.
E a infinita
permanência do Sol. E a precária vontade
Dos homens...
E o adejar do
poeta derretendo as asas...
Manuel Veiga
10 comentários:
~~~
~ ~ ~ ~ ~ «Nada é eterno.»
Acredito que o teu poemário possa ser.
Mas toma nota, Poeta, tal como Dédalo
peço-te que não te aproximes demasiado
do sol que aquece demasiado e até cega.
~~~~~~ Beijo, amigo Manuel.
Nas entrelinhas, tanto que se lê!
Um beijo
Lídia
As asas do poeta são mesmo para derreter.
De contrário, para quê adejar...?
Excelente, é a única coisa que me ocorre dizer depois de ter lido três vezes o poema.
Bom fim de semana, caro Veiga.
Abraço.
As vezes, penso na importância do olhar do Poeta
no registro das belezas da natureza e da vida.
Não que a beleza ritualística da natureza precisasse
deste registro, mas, mesmo assim, a poesia sublime e
magistral como a tua, se aproxima desta beleza com as
tintas das palavras no registro "gota a gota", palavra
a palavra, "do calcário", do Poema...
A tua poesia vai além, quando inscrita, ela eterniza
este teu momento do teu olhar, e, se estrutura em
palavra no paradoxo: quando "nada é eterno"
passa a Ser!...
Grata pelo privilégio de ler-te, sou fã da tua
poética, que em mim sempre se eterniza!...
beijo.
quando pássaro cai outro se levanta
Abraço sempre
Um poema belíssimo! Parabéns.
Beijo meu
Manel
há poemas que se entranham em mim,e que me ficam arquivados nos neurónios.
este poema e se não me falha a memória, foi um deles, eu já o li antes, talvez dois ou três anos por aí, e lembro-me que alem de me tocar profundamente, a última estrofe nunca me esqueceu.
"E o adejar do poeta derretendo as asas..."
belíssimo!
bom fim de semana.
beijo de admiração
:)
é como dizes, Piedade.
o poema consta também do meu livrinho "POEMAS CATIVOS", editado pela POÉTICA EDIÇÕES.
boa memória (afectiva) a tua.
grato. beijo
Nesse derreter de asas leio a infinita persistência dos homens no ousar de novos horizontes...
Muito belo e profundo.
Forte abraço
O poeta é persistente. Podem as asas derreter. Elas voltarão sempre a bater. :)
Enviar um comentário