Irrompe o poema em sobriedade e ousa o pórtico onde
Todas as
legendas se inscrevem. E imiscui-se
No interior sem
aviso prévio nem hora acordada
Como saltitante Mozart
e seu fogo
Divino derramando-se
pela casa...
Insufla-se
traquina
E desarruma o
outro lado, aquele fechado
Que nada guarda
apenas bagatelas, traquitanas sem glória
Ou mágoa...
E trepa (ou
desce)
Como ventania
inesperada
Ou janela aberta
que nada espera
Apenas a luz
coada
E que de repente
se escancara
Como se varanda
fora engalanada
E festiva...
E senta-se à
mesa o poema. De honra comensal.
E acaricia o linho
e acende as velas
E reclama o
vinho...
E solene avisa
que neste dia não será
Servida dobrada.
Que sendo fria sempre lhe causara
(Como os amores
de Pessoa) frustre azia...
E o poeta deixa
que o poema seja.
E desarmado
finge a dor
Que deveras fica...
Manuel Veiga
11 comentários:
~~~
Que profusão de interessantes
metáforas ornadas de ironia bem humorada!
O poema merece o pórtico, com toda a certeza.
~~~ Beijo amigo. ~~~
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Bom Ano, Poeta!!
Bons poemas no ano novo!
Beijinhos.
Essa ventania inesperada misturou tudo no meu pensamento: Mozart, Pessoa, a luz, as palavras e o teu poema que deveras fica...
Um beijo, meu Amigo.
O poema, quando se instala, merece todas as mesuras.
Um abraço
Na luz de um fósforo
Abraço
O Poema se inscreve na sua força luminosa,
na entrega:"Como saltitante Mozart e seu fogo
Divino derramando-se pela casa..."
Sendo o próprio espaço; da casa interior,
ampliando-se pela casa-mundo...
Na sua amplitude maior, o Poema transborda
todos os significados e reivindica a alegria
genuína quando:"E reclama o vinho..."
Lembra o amor como essencial e o Poeta
passa a Ser o Poema!...
Adoro sempre!!!
Grata pela leitura...
O poema que se escreve no espaço e se torna divino...
Adorei...
Bom Ano 2016
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Versos para o banquete das horas... Degustação de palavras sorvidas na tintura rubra de um vinho do Douro...
Que em 2016 possamos continuar brindando sua poesia... e que o poeta continue ousando inscrever seus versos nos pórticos que se abrem para a liberdade...
Beijo.
Genny
O poeta abriu a janela e com a ventania
entrou, como se vê, muito gozo e inspiração; tanto assim que, até Pessoa deixou o Martinho e veio sentar-se à mesa do Manuel.
O poema invade a casa e tudo se agiganta. Ocupa o espaço e a mente exigindo mordomia, e embora fingindo não mente, porque a quem ama não se serve dobrada fria.
Muito bom!
xx
e senta à mesa não o poema, mas quiçá o poeta e uma nesga de ironia e muitos sentimentos entrelaçados...
beijinho
:)
Enviar um comentário