No pórtico do
Desejo, no outro lado. Na oceânica
Convulsão dos deuses. Onde Eros e Thanatos
se confrontam
Em negra Servidão - e
desiguais armas!
Nesse absoluto
magma onde Luz e Sombra
Se fundem. E se
confundem. E todos os detritos
(diurnos e
nocturnos) são combustão e miasmas.
E onde sem razão
ou capricho oníricas formas
Se buscam.
E se desenham
sinais e se atam os fios do Todo
Inominado ainda.
E o Tempo é suspiro -
Notas de um
ruído surdo de Solidão e Vácuo.
Nesse lugar
infecto em que todas as finitudes são
Luminescências do
Acaso. Vida e Morte que se anunciam.
E o Desejo que se
franqueia a este lado.
Tempo matricial,
embora. E o absurdo que se nomeia
Como Mito. E a
Palavra que se anuncia.
Interdita. Ainda.
Erguemos então as
colunas. Nesse lugar.
E as aras. E as
vestes. E a redenção da Palavra.
E erguemo-nos do
Nada. E mergulhamos na Tragédia.
E na euforia. E no
Prazer frustre.
E decaímos.
E nos celebramos.
Divinos.
Fogo e Água. Senhores
do Nada. Negreiros.
Receptáculo dos
deuses. Por onde assoma
O Suor. E a eterna
Lágrima.
Manuel Veiga
13 comentários:
Na complexidade do simples
a tua poesia filtrada de palavras
revela sempre uma miríade de imagens
bem definidas
assume-se no belo ritmo onírico
de um bando de pássaros que resiste
Abraço sempre
e porque são desiguais as armas
são as tuas palavras
também elas,
apesar de belas,
interditas. Ainda
Amigo querido,
Fico paralisada com a tua força poética,
a palavra que em ti sempre altiva e absoluta
a percorrer caminhos tão intensos e ricos
imageticamente, a nos inundar a alma com a
beleza, com o dolorido e com a infinitude
da significância rara, em que a palavra em
ti se entrega de forma única e imprescindível
ao rio Poético do Manuel Veiga!!
A tua poesia me emociona diante da grandeza
maior alcançada!...
beijo.
Debatemo-nos entre Eros e Thanatos, e nessa luta quem ganha é a divina condição humana do homem; no esforço e na lágrima.
Um poema de profundidade e força impressionantes, na Palavra que não se rende.
Excelente!
xx
Só me resta aplaudir, o que sempre faço quando venho aqui. Seus versos são preciosos, ricos e bem distantes da efemeridade. Nascem para mostrar o valor da palavra e de sua força, que não se vão quando a madeira se transforma em cinzas. Maravilhoso! Abraço.
"E nos celebramos. Divinos.
Fogo e Água. Senhores do Nada. Negreiros.
Receptáculo dos deuses. Por onde assoma
O Suor. E a eterna Lágrima."
E assim somos definidos...
Belíssimo poema!
Um sorriso e uma estrela a brincar no teu final de semana,
Helena
As armas sempre foram e continuarão a ser desiguais.
Tal como as minhas, claramente insuficientes para comentar este soberbo poema. Mas sei que gostei e que é muitíssimo bom.
Bom fim de semana, caro amigo Veiga.
Um abraço.
~~~
Mito belo, mas arrasante!
Tal como uma condenação
do «Juízo Final», sem qualquer esperança.
Nunca te li, tão apologista do ceticismo...
~ Bom fim de semana, Poeta amigo. ~
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
Armas desiguais
Tragédias (gregas) ou não.
Mitos (serão)
Palavras (sem pão)
Misericórdia
Deuses
E porque a lágrima
Eterna
Sempre eterna.
Beijos
:)
Já o li várias vezes.
Não dá margem para comentários. Perfeito!
Lídia
Tal como as antigas, também as "mitologias" do futuro têm de ser decifradas e cumpridas.
Abraço poeta irmão
A constante elevação do barro, feito homem.
Muito bem, meu amigo!
Um abraço
Num poema superior o poeta encanta o espíritos terrenos.
Deuses
como deuses imaginados
à dimensão divina
montamos e desmontamos as colunas
do próprio templo.
Assim foi é e será ?
Abraço
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