Nos esteios do sangue e
nas telúricas vozes
Que em nós habitam.
Nas profundas águas
E no altar das rochas
Tresmalhadas
No zénite do sol
E nos pomares e
Nos veios
Líquidos.
E nos cheiros da terra
lavrada
E nas marcas da vara
tempo
E nos nossos rios.
E nos lábios ressequidos
E na sede de mil anos
A acicatar os passos.
E nos lutos. E no
silêncio dos sinos.
E no estrondo das festas
E nos arraiais festivos
E nas antigas
Danças.
E no corpete das
raparigas
E nos lenços bordados
E nas gargalhadas
E nas brigas.
E nos dias ardidos
E naqueles outros pregoeiros
Te nomeio, Terra,
Língua, Mátria
E te venero
E te guardo
E te digo
Gesto em que me rendo
E me entrego
E deslasso
Meu olhar
Altivo.
Manuel Veiga
11 comentários:
Vivemos nas e para as pequenas coisas que, afinal, se revelam grandes. :)
Belíssimo retrato de vida este.
Boa semana. Beijo
Fantástico, meu amigo, este teu poema em que convocas todas as "paisagens" invadidas, submersas e iluminadas por tantas as emoções.
Uma boa semana.
Um beijo.
Sei todos os teus nomes
Esses, desde as origens
Que a Terra e os Homens
Te deram. E és onde hábito
A minha Festa e o meu Vinho:
Pátria, Mátria, Povo, Chão!
Belo poema de evocação ao olhar e a ele e com ele, bebo um copo, na companhia da Brigada...
Um abraço, Amigo Manuel
E perdendo-nos
nos reencontramos
por amor a este chão
meu irmão
Que ritmo! Ergue-se o poeta desde a profundidade das águas aos altares das rochas tresmalhadas. E a voz é eco da terra, da gente, da festa e do dobrar dos sinos.
Rendo-me à força do poema.
Beijinho.
Um hino à harmonia deste planeta maltratado cuja beleza é ofuscada pela pressa dos dias . Não se vê. Olha- se. Mas aqui tudo se rende à força do poema . Belo !
Beijo !
Numa bebedeira de imagens
alinhas na volúpia.
Voas na vertigem da dança.
E quando a língua se solta
em promessas soltam-se e ardem
versos na ara da poesia,
perante os devotos da crença.
Abraço.
A emoção. meu amigo, a emoção mais pura é esta que, "tresmalhada" busca a terra, o seu húmus, a sua identidade.
Sei bem deste (teu) olhar!
E sei muito bem desta mestria que te corre líquida.
Como rio, em todo o poema!
Saio, emudecida.
Bjo, Manuel
Poema muito belo, Manuel,
uma louvação de sentires à Pátria-Mátria.
A partilha do caminho do olhar do poeta
na emoção no toque a cada imagem colhida...
beijo.
tão etéreo e misterioso o pensamento...
Que maravilha, que bela homenagem à Terra-Pátria-Mãe e a tudo o que convoca...
Bj
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