Sobre as águas o cisne
negro
E o suave marulhar das
ondas sobre o lago
Azul a fervilhar sob a
brisa
E a indiferença da ave.
Ao longe a tímida garça
abrindo
A asa ao sol dolente. E
a festiva dança
Do abelharuco de voo em
riste.
Príncipe da tarde,
prossegue o cisne
E a garça agora esboça o
ritmo em redor
E todo o lago arde…
E tudo emudece. Até a
adventícia ave
Encolhe a pena. E
grasna.
E deste lado da paisagem
nada
Acontece. Apenas o poeta
e a gota de água
E a longa espera.
E o cântico do cisne em
melopeia
Lá ao fundo.
(Paisagem íntima)
Manuel Veiga
12 comentários:
E para quem lê, fica a beleza das aves, a transparências das águas, o brilho das palavras.
A dolência do cisne e o bailado do abelharuco nesta paisagem, completa-se com a beleza idílica das palavras
Beijinho. Manuel
Gostei muito desta poética paisagem intima.
A musica é belíssima.
Um abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
O poeta, qual príncipe da tarde, permite-nos desfrutar da intimidade da paisagem, de uma forma singular. E a vida do lago tem, agora, uma outra claridade.
O teu cântico é sublime, Manuel Veiga.
Beijinho.
Que paisagem íntima tão bela e tão bem acompanhada musicalmente...
Bom fim de semana e abraços
Uma bela paisagem poética.
Excelente poema, como sempre.
Bom fim de semana, amigo Veiga.
Abraço.
Adorei esta imagem intima, de grande encanto, transparência e serenidade...
E uma agradável surpresa, descobrir Eliane Elias... que não conhecia!...
Um post com uma combinação formidável, Manuel!
Beijinho
Ana
Manuel, meu caro amigo
É admirável o teu bom-gosto, musical e poético.
Uma óptima escolha esta escolhida. Gostei muito desta cantora/pianista na bossa-nova e jazz.
Do poema "paisagem íntima" fico com a impressão de já o ter lido, mas sou péssimo a decorar.E não é só do PDI.
Dele poderei dizer que é um espelho, no suave dia do lago, deste (teu) lado da paisagem... onde "acontece" um olhar... sobre a vida a passar.
E assim... fácil se torna a espera.
Um calorosa abraço, Amigo.
Até podem os elementos serem indiferentes, pois que já marcam a diferenças dos lugares, sobretudo quando deles emana tanta elegância!
Mas ao poeta nada lhe é indiferente. E exulta com a colheita destes olhares, repousando-os, de forma elevada, no verso.
Belo, tudo!
Bjo, Manuel
Fico do lado de cá na delicadeza deste poema imaginando o olhar do poeta decifrando quadro a quadro os enigmas indecifráveis dessa paisagem. Gosto muitíssimo dessa transparência.
Forte abraço, poeta!
Numa desafinação afinada o Poeta percorre paisagens e personagens que lhe são habituais que lhe são intimas.
A nós, que ficamos irremediavelmente de fora, resta-nos comungar deste magnífico poema.
Abraço.
Lindo!
beijinho
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