Nada. Absolutamente
nada
Na vibração da tarde. Apenas
o caprichoso melro
A saltitar de galho em
galho
E um rio cá dentro...
E o céu a abrir-se na
miragem
E o assédio da ave…
E o queixume do cello a
lamber o ar…
Nada. Absolutamente
nada!
Apenas curva da tarde a
arder em febre
De lume e mar…
Manuel Veiga
14 comentários:
Espetacular interpretação, triste, mas de uma beleza ímpar.
Gosto dos acordes desse instrumento, do violoncelo.
Beijo, uma feliz semana, amigo Manuel.
Essa descrição do poema tão única, apenas a natureza e suas cores lindas, transmitem uma paz por vezes muito desejada por todos. Nada mais, absolutamente nada. Talvez um violoncelo destilando seus acordes tristonhos.
Muito bonito, Manuel!
*Desculpa, pensei que o poema estivesse separado em outra janela de comentário!
Beijo.
na tarde que se faz
harmoniosa
tudo é paz
tudo, menos a melra
escondida
à espera...
e o poeta
tem um jardim.
belo e simples, caro amigo
um abraço, MV
Pressente-se em cada palavra a lava desse rio interior.
Muito bom!
Beijinho.
Um imenso Nada no rio que afoga o belo na "única" perfeição da curva.
Tanto!
beijinho, Manuel
Percebo pelo tom, meu caro amigo, que não é mais feliz quem descobre um melro no jardim e ainda dispõe de um cello na curva da tarde em direção à realidade poética. Mas não deixe que o chão se evapore...
Um forte abraço,
Um nada contendo tudo.
Um belo texto.
ab
O violoncelo interpreta a curva da tarde e a poesia seduz de galho em galho.
Um poema que incendeia.
Beijinho, Manuel.
Senti o assédio das aves e ouvi "o queixume do cello a lamber o ar".
Maravilhoso, meu Amigo!
Belíssimo e intenso poema, Manuel... onde uma grande paixão, se adivinha e se desenha no fervor das palavras... no limite... pela vida em si mesmo...
Um daqueles nadas... plenos de tudo!... Que nos surgem... do nada... como uma revelação...
Beijinho
Ana
"E um rio cá dentro"
"E o assédio da ave" a roçar a corda num preguiçar langoroso.
Não me surpreende a ponta febril.
Pois.
No perfume habitual, um poema brilhante.
Grande abraço.
Um poema em que se sente a tensão interior, um vulcão em pré-erupção.
Beijinho e bom final de semana :)
Este poema é o "Tudo" por oposição ao "Nada" que o sujeito poético só aparentemente ignora. E o sublime é precisamente a forma como os referentes são referidos para a exaltação interior.
Belíssimo!
Bj, Manuel
(Demoro-me e talvez me demore ainda mais, na visita aos (poucos) blogues que sigo; chamam-me afetos e projetos)
Quando existe "um rio cá dentro...", a poesia
transborda a transcender o Nada num Todo de
um grande sentir, a se estender em voo, na curva
do tempo, numa tarde, no respirar do cello na
melodia da vida neste nada, neste todo em
poesia que vibra!!...
Belíssimo, Poeta.
Beijo, Manuel.
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