Estátuas derrubadas e
jardins de cinza
No dorso das palavras
transitivas
Fortalezas traídas por
dentro.
Passos de deuses
ausentes
E corredores desertos.
Que nada do que foi
Hoje permanece.
Apenas Eco. Música
atonal a dissolver-se
No íntimo do silêncio.
Na eloquência de
tempestades
Há no entanto uma
vibração insuspeita
A adejar infrene na
combustão
Da Memória.
E a sangrar dores
evanescentes
E o gesto inaugural
Das Palavras límpidas.
Manuel Veiga
6 comentários:
É um poema pleno de emoções. Perpassa-nos a dor e a vibração da vida. E o epílogo inaugura a palavra límpida.
Parabéns, meu amigo Manuel.
Beijinho.
Palavras magoam, causam estragos, doem, é algo contraditório justamente porque são carregadas de sentimentos e nós, seres humanos, os pensantes do planeta, não somos lá de muita confiança. E tanto faz palavras serem escritas como ditas. É como disse Eça de Queiroz, "se a tua dor te aflige, faz dela um poema".
Poema triste, mas ficou belo. Beijo, meu amigo, uma feliz semana.
"E a sangrar dores evanescentes
E o gesto inaugural
Das Palavras límpidas."
Fica-se sem fôlego... Que bom tecedor de palavras!!!
É das palavras intransitivas, o que faremos nós?
Importa que possamos herdar suas palavras para que possamos mudar a ordem das coisas...
Caloroso abraço, meu caro poeta!
Por vezes o silêncio contém palavras-gritos.
Bj
Galopam cavalos brancos nas praias desertas da batalha
E só os corpos arrojados no areal
lembram os sentimentos despojados de piedade.
"Cavalos de Tróia" que invadem com o desassossegar das palavras
límpidas mas mortais
quais espadas afiadas nos sons silenciosos, abafados pelas tempestades, que pairam no ar.
E pronto, Amigo
É o que 'vejo'...
E gostei deveras.
Um abraço caloroso, MV
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