Neste regresso uma cálida epifania
Como se o tempo fora
compasso e a memória
Movimento de cores redivivas,
A desenhar os timbres
No eco dos passos
Sou o medianeiro desse tempo
Que se funde e se solta
para além da palavra
E dos actos. Respiração abstracta
Dos lugares ainda
grávidos
A borbulhar ausências
Dispo-me e transido de
sonhos imperfeitos
Abraço a lassidão e
deixo que o corpo
Se filtre e percorra o itinerário
Das perdas. E no
movimento
Das águas subterrâneas
Se derrame como vestígio
E alicerce.
E que os nomes se inscrevam
Na pele ardente.
Manuel Veiga
8 comentários:
Saber-te arauto de "lugares ainda grávidos
A borbulhar ausências" ocorre-me fazer de tais lugares pontos de encontro.
E que se cheguem
a senha
pode ser uma rima
Sedutor e muito bonito :))
Bjos
Um bom dia de Terça-Feira
Num poema magnífico, o Poeta desnuda-se em ordem à lei da vida, na sua condição natural. Nos lugares de ausência as coisas - mais que sonhos por nascer- nomes que correm no eterno movimento.
Abraço
Um mediador das memórias perenes e do presente,
também parte interessada nesse percurso
entre as perdas e as vitórias.
Abraço
Olinda
Epifania que o poeta considera cálida e quase indizível tal é a força e o eco dos passos. E inteiro se entrega.
E eu considero este poema excepcional.
Parabéns, amigo Manuel.
Beijinho.
Meu amigo,
Com mais tempo e calma voltarei para a
releitura e comentar este teu poema,
que é um daqueles poema obra de arte, aprecio
comentar com atenção e como o poema
merece!...
Caro Manuel,
O que dizer? Essa cálida epifania é que me desperta depois do recesso que a mim concedi!
E não deixo que nada mais sobrevenha ou se intrometa enquanto o poema ante mim se agita!
Forte abraço,
Somos o que somos... com tudo o que temos... e com tudo o que perdemos... com tudo o que aprendemos a conservar... e com tudo o que não soubemos manter... é nesse material... em que a realidade vai amassando os nossos sonhos e as nossas memórias... que vamos alicerçando a nossa existência...
Um belíssimo trabalho, Manuel, que tão bem descreve... de que somos realmente feitos!
Beijinho
Ana
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